Morto em uma operação no Jacarezinho há dez dias, o policial civil Bruno Guimarães Buhler, conhecido como Bruno Xingu, recebeu homenagem na manhã deste domingo na praia do Recreio dos Bandeirantes, onde costumava praticar seu esporte favorito, o surfe. Amigos e parentes, com faixas e camisas pretas com inscrição #XinguEterno, fizeram uma caminhada pela orla e entraram no mar. Um helicóptero da Polícia Civil sobrevoou a área, e agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), da qual Bruna fazia parte, nos carros das instituição, passavam buzinando.
Pelo menos, cem pessoas participaram da manifestação. Bruno é um dos mortos na guerra que assola o Jacarezinho. “Ele não seguiu meus passos. Fiz Engenharia e ele se formou em Fisioterapia. Na época de faculdade, fez o primeiro estágio no Flamengo, time pelo qual era apaixonado, e depois na Polícia Federal, onde ele se interessou pel.a profissão de policial. Ele sabia os riscos que corria, tinha plena consciência de tudo”, disse o pai de Bruno, o engenheiro aposentado Carlos Alberto.
Muito emocionado, Carlos Alberto pediu o fim da violência. “Esse desequilíbrio da sociedade tem que acabar para que não haja mais mortes. Nós vamos começar a explicar para o meu neto (filho de Bruno) agora o porquê da ausência do pai. Compramos um cachorrinho para tentar amenizar essa dor”, contou ele.
Amigo de infância da vítima, o advogado Thiago Acquarone, também desabafou. “Conheçia o Bruno desde os 12 anos, moramos no mesmo prédio por 13 anos. A perda do Bruno é duplamente trágica porque ele foi tirado do convívio da família e dos amigos e porque percebemos como o Estado esta sendo açoitado. A esposa do meu amigo esta desesperada”, contou o advogado, que defende reforma no código penal e leis mais rígidas.
Colega de profissão de Bruno, Wagner Franco lembrou como o policial era preparado. “O Bruno era incrível. Ele fez todas as especializações que a Polícia Civil ofereceu: curso de operações aéreas, curso de operações táticas especiais. Ele era extremamente preparado. O governo investiu muito nele. Se ele está morto é porque se colocou numa posição para proteger os amigos. Nós sabíamos que podíamos contar com ele pelo que precisasse”, contou Wagner.