Na manhã desta terça-feira (14), a Polícia Civil por meio da 134ª Delegacia Policial, liderada pela Delegada Titular Natália Patrão, em coordenação com a DGCOR e o Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado (GAECO/MPRJ), deflagrou a “Operação Caminhos do Trilho”. O objetivo principal é investigar uma rede criminosa envolvida em lavagem e ocultação de bens, sonegação fiscal, furto e receptação.
Segundo informações de um Relatório de Inteligência Financeira, essa organização movimentou um montante significativo, totalizando R$ 112.309.107,00, distribuídos em 8 contas bancárias.
A operação resultou na execução de 26 mandados de Busca e Apreensão, sendo 7 no Estado do Espírito Santo (2 em Ibatiba e 5 em Vila Velha) e 19 em Campos dos Goytacazes, na Região Norte Fluminense.
A investigação teve início na 146ª Delegacia Policial de Guarus para apurar uma organização criminosa composta por empresários do ramo de reciclagem, baseados na região, envolvidos em uma série de crimes, como receptação, furto, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro. Este grupo operava comercializando materiais obtidos ilegalmente, como metal proveniente de furtos em redes ferroviárias, instalações industriais, fios de cobre, empresas de energia e internet, entre outros.
Os empresários utilizavam empresas fictícias no Espírito Santo para emitir notas fiscais simulando vendas de sucata para outros estados, aproveitando-se dos benefícios fiscais do Programa de Desenvolvimento e Proteção à Economia do Estado do Espírito Santo (COMPETE). Esta prática resultava em prejuízos fiscais para o estado do Rio de Janeiro, já que conseguiam pagar apenas 1% de ICMS, em comparação com os 12% praticados no estado fluminense.
Durante as diligências, foram encontrados documentos, notas fiscais, aparelhos eletrônicos e até munições de calibre restrito sem autorização legal em empresas capixabas. Um dos líderes da organização criminosa foi preso em flagrante por posse ilegal de arma de fogo de uso restrito.

Além disso, constatou-se que empresas citadas nos documentos, localizadas em Ibatiba/ES, são inexistentes na prática, servindo apenas para emissão de notas fiscais fraudulentas.
Entre os itens apreendidos com os líderes da organização estão smartphones, joias e veículos de luxo, incluindo um Porsche 2019, uma Toyota Hilux 2018 e uma Toyota Hilux Especial 2013. Esses bens foram avaliados em valores expressivos. Um dos envolvidos, morador de um apartamento em um bairro nobre, foi preso por lavagem de dinheiro, crime passível de pena de 3 a 10 anos.

A investigação também levantou informações sobre indivíduos utilizados como “laranjas”, alguns com altos padrões de vida sem comprovação de renda e outros vivendo em condições precárias, apesar de figurarem como titulares de empresas no ramo da reciclagem.

Diversos documentos, cheques, dispositivos eletrônicos e materiais que corroboram os crimes investigados foram apreendidos e serão submetidos à perícia. O acompanhamento da investigação incluirá análises de quebra de sigilo fiscal.
A 134ª Delegacia Policial ainda reforçou o compromisso em coibir o furto e a receptação de metais de origem ilícita, além de manter a fiscalização conforme a nova resolução 506/2023 da SEPOL, que demanda o Cadastro de Estabelecimento de Reciclagem (CER).


