(FOLHAPRESS) – Favorecida pela seca intensa, a alta nos incĂŞndios florestais no pantanal e na amazĂ´nia fizeram disparar as emissões de carbono nessas regiões nos Ăşltimos meses, indica novo levantamento do observatĂłrio Copernicus, da UniĂŁo Europeia.
Mesmo com dados somente até 3 de setembro, o estado do Amazonas já bateu o recorde anual de emissões por incêndios da série histórica, iniciada em 2003, com 23,2 megatoneladas de carbono. Os valores dos últimos oito meses já ultrapassaram as emissões do recordista anterior, 2022, que teve 22,7 megatoneladas.
No pantanal, os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul já superaram as emissões registradas para o perĂodo de janeiro ao começo de setembro dos 21 anos anteriores.
O pantanal boliviano tambĂ©m tem sido afetado pelos incĂŞndios. A trĂŞs meses do fim de ano, as emissões relacionadas aos incĂŞndios florestais na BolĂvia já fizeram 2024 bater o recorde anual dos registros do Copernicus.
“Com o pico da temporada de incĂŞndios ainda por vir neste mĂŞs, os valores vĂŁo aumentar ainda mais”, disse Mark Parrington, cientista sĂŞnior do CAMS (Serviço de Monitoramento da Atmosfera, na sigla em inglĂŞs) do Copernicus.
A atual temporada de incĂŞndios na AmĂ©rica do Sul foi classificada como “particularmente notável” pelo mais recente boletim da entidade.
“Queimadas intensas e generalizadas na BolĂvia e no Brasil, incluindo a regiĂŁo do pantanal, que abriga a maior área Ăşmida tropical do mundo. A regiĂŁo foi afetada por incĂŞndios severos desde os Ăşltimos dias de maio e continuou durante grande parte de junho, julho e, especialmente, agosto”, diz o documento.
Dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) ajudam a dimensionar a situação das chamas no Brasil. Em agosto, a amazônia teve o pior registro desde 2005, com 38.266 focos de calor identificados pelo monitoramento.
Informações da plataforma BDQueimadas mostram que a liderança no bioma amazônico foi do Pará, seguido por Amazonas, que bateu seu recorde da série histórica em termos de focos de incêndio, e por Mato Grosso.
AlĂ©m das emissões de carbono, a fumaça dos incĂŞndios e seus poluentes, que podem causar graves prejuĂzos Ă saĂşde das populações, seguem se espalhando, principalmente no Norte e no Centro-Oeste.
Nesta quinta-feira (5), o governo do Acre anunciou a suspensĂŁo de aulas nas escolas estaduais por conta da intensidade da fumaça dos incĂŞndios. NĂŁo há previsĂŁo de volta Ă s aulas nas instituições de ensino, que já haviam suspendido a realização de atividades fĂsicas no exterior tambĂ©m por conta da poluição das queimadas.
O clima seco tem contribuĂdo para a propagação dos incĂŞndios. Segundo dados do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), o Brasil enfrenta a pior seca desde o inĂcio da sĂ©rie histĂłrica, em 1950, com cerca de 58% do territĂłrio afetado.
A previsão do tempo para setembro não dá sinais de que mudança no cenário de favorecimento aos incêndios. De acordo com o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), a previsão é de que as temperaturas estejam acima da média em grande parte do Brasil, principalmente em áreas de estados como Pará, Amazonas, Rondônia, Tocantins e Mato Grosso.
No mundo, outras regiões também sofrem com fogo nos últimos meses.
“A AmĂ©rica do Norte novamente experimentou outro verĂŁo extremo de incĂŞndios florestais em 2024, ficando atrás apenas de 2023 em termos de emissões totais estimadas. Muitos incĂŞndios florestais ocorreram durante a maior parte de julho e agosto, tanto no Canadá quanto no oeste dos Estados Unidos”, disse o Ăşltimo boletim de monitoramento atmosfĂ©rico do Copernicus.
O observatório também chamou a atenção para a situação no continente europeu.
“O sudeste da Europa tambĂ©m teve uma atividade significativa de incĂŞndios florestais durante este verĂŁo. Em julho e agosto, houve vários episĂłdios que afetaram a qualidade do ar na regiĂŁo, sendo que episĂłdios na MacedĂ´nia do Norte, GrĂ©cia, Bulgária e alguns outros paĂses dos BálcĂŁs foram particularmente significativos. Um dos incĂŞndios florestais ocorreu nas proximidades de Atenas, impactando severamente a qualidade do ar na cidade.”
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