ISABELLA MENON
SÃO SEBASTIÃO, SP (FOLHAPRESS) – “Celular em modo avião, por favor.” Era assim que funcionários da Anatel solicitavam aos presentes na operação de buscas por corpos na Vila Sahy, região mais afetada pelas fortes chuvas do último domingo (19) em São Sebastião, litoral norte de São Paulo, que mataram ao menos 57 pessoas.
O pedido era para que os aparelhos das pessoas não atrapalhassem na procura por corpos no local. Na chamada zona quente, local mais atingido pelo deslizamento de terras, as buscas continuaram neste sábado (25) após uma breve interrupção na noite de sexta-feira devido à chuva que voltou a cair na região.
Funcionários da Anatel utilizavam uma aparelhagem para encontrar sinal de celulares. A expectativa é que onde existe o sinal de celular ou de outros aparelhos eletrônicos haja corpos por perto.
Até agora, segundo funcionários, três corpos foram encontrados devido ao uso desse mecanismo, inclusive um neste sábado. “Devido ao equipamento, encontramos o sinal. O trator estava escavando do outro lado, mas indicamos para cavar ali. O Corpo de Bombeiros nos informou que o corpo foi encontrado no local que indicamos”, diz Rogério Zambotto, funcionário da Anatel.
O aparelho que Zambotto carrega é uma antena HL40, que funciona acompanhada de um analisador de espectro, que seu colega manuseava. “Apontamos o aparelho para a lama, se tiver um sinal, consigo captar um sinal de celular que está tentando contato com a torre.”
O aparelho de busca, porém, não indica a profundidade do celular. Também não é garantido que o telefone esteja com a pessoa. “Pode ser que o aparelho estava sendo carregado na cozinha quando aconteceram as fortes chuvas. Normalmente, se anda com celular de dia, mas de noite a pessoa pode colocar na cabeceira para carregar”, explica Zambotto.
Também é possível que a maioria dos celulares já esteja sem bateria, o que torna mais difícil essa forma de busca.
O Governo de São Paulo confirma até o momento 57 mortes, sendo 56 em São Sebastião e uma em Ubatuba. Equipes do município de São Sebastião com psicólogas e assistentes sociais fazem um trabalho de acolhimento dos familiares das vítimas.
Ao todo, 53 pessoas já foram identificadas e liberadas para o sepultamento, sendo 19 homens adultos, 17 mulheres adultas e 17 crianças.