SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Uma cápsula radioativa que caiu de um caminhão em uma rodovia no “outback” australiano foi enfim encontrada, informaram autoridades nesta quarta-feira (1º). O cilindro prateado mede apenas 8 mm por 6 mm, e é menor do que uma moeda. Mas contém césio-137 suficiente para emitir uma radiação equivalente a de dez Raio-X por hora -e consequentemente provocar doenças graves.
Não à toa, o governo havia pedido que pessoas que por acaso avistassem a cápsula se mantivessem a cinco metros dela, porque a exposição à radiação pode provocar queimaduras e enjoo.
A busca pelo objeto durou seis dias e mobilizou cerca de cem pessoas. Estas vasculharam todos os 1.400 quilômetros do trajeto feito pelo caminhão que transportava a cápsula quando ela foi perdida -a distância é maior do que aquela entre as cidades de Paris e Madri.
A operação chegou ao fim quando um veículo com um equipamento especial detectou radiação na beira de uma estrada deserta ao sul de Newman, cidade mineradora a cerca de 1.200 quilômetros a noroeste de Perth, capital do estado da Austrália Ocidental para onde o caminhão se dirigia.
“Quando se leva em conta o escopo da área, localizar esse objeto foi um desafio monumental. Os grupos de busca literalmente encontraram uma agulha no palheiro”, afirmou Stephen Dawson, ministro de Serviços de Emergência da região. “Acho que os australianos vão poder dormir melhor esta noite.”
Uma área de exclusão de 20 metros foi delimitada ao redor da cápsula para que membros das forças de defesa verifiquem sua autenticidade. Depois, o cilindro será guardado em um contêiner de chumbo e armazenado em um local seguro em Newman até ser levado para Perth na quinta-feira (2).
A cápsula era parte de um equipamento de uma mina de Gudai-Darri, na região de Kimberley, estado de Rio Tinto, usado para medir a densidade de minério de ferro. O utensílio estava sendo levado de caminhão para o subúrbio da capital do estado de Perth quando a cápsula caiu.
À frente da pasta da Saúde da Austrália Ocidental, Andrew Robertson afirmou que uma investigação será aberta em obediência a leis de segurança relacionadas à radiação de 1975. A pena máxima por não manusear com segurança substâncias radioativas é uma multa de A$ 1.000 (cerca de R$ 3.600), com multas diárias de A$ 50 (R$ 179) caso a infração permaneça. Nesta quarta-feira, no entanto, o governo estadual afirmou que avalia mudar a legislação para aumentar esses valores.
O Brasil tem um caso emblemático dos perigos do césio-137. Em setembro de 1987, dois catadores de papel apanharam uma cápsula com o material em um terreno de propriedade do Instituto Goiano de Radiologia (IGR). A peça foi rompida a marretadas e vendida a um ferro velho. A radiação provocou a morte de quatro pessoas e lesões corporais em pelo menos 16, além da contaminação de outras 200.