Biden nega envio de jatos à Ucrânia, e Macron ainda considera possibilidade

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente dos EUA, Joe Biden, negou nesta segunda-feira (30) a possibilidade do envio de caças à Ucrânia, país invadido há quase um ano pela Rússia. No mesmo dia, o líder da França, Emmanuel Macron, fez uma sinalização no sentido oposto ao informar que não descarta o envio de aviões de combate a Kiev, algo que representaria uma escalada na ajuda militar.

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Os caças são demanda antiga do presidente Volodimir Zelenski. Ele diz que o envio de armamentos pesados é fundamental para que Kiev tenha condições de vencer o conflito. Na semana passada, após meses de pressão e impasse, EUA e Alemanha anunciaram que irão enviar tanques de guerra para ajudar os esforços contra a invasão russa.

Ao ser questionado sobre a possibilidade do envio de caças F-16, porém, Biden se limitou a dizer “não”, evidenciando a preocupação de que o embate no Leste Europeu evolua para uma Terceira Guerra Mundial.

A declaração sublinha certo descompasso entre os países da Otan, a aliança militar ocidental. Mais cedo, Macron havia dito que “nenhuma possibilidade estava excluída” ao ser perguntado sobre o envio de jatos. Em seguida, ele ponderou o risco de escalada militar e acrescentou que nenhum equipamento enviado a Kiev deve ser usado para atingir alvos em território russo, mas, sim, para ajudar o que chamou de “esforços de resistência” na Ucrânia.

Ao jornal Político, um assessor do ministro da Defesa francês disse que o país considera ainda treinar pilotos ucranianos. “Ouvi muitos especialistas falarem muito bem dos aviões franceses e de seus pilotos. Naturalmente, ficaria muito feliz se os ucranianos pudessem ser treinados para pilotar aeronaves francesas e usar essa experiência para garantir a vitória”.

As declarações provocaram reações em outros países membros da Otan. O presidente da Croácia, Zoran Milanovic, adotou tom duro ao dizer que o envio de tanques e de outros armamentos pesados para Kiev irá “apenas prolongar a guerra”.

“Qual é o objetivo [do envio de armamentos]? Desintegração da Rússia, mudança de governo? Também se fala em separar a Rússia. Isso é uma loucura”, disse Milanovic.

Nos últimos meses, Milanovic se opôs abertamente à admissão da Finlândia e da Suécia na Otan. O pedido dos países para ingressar no clube militar teve como gatilho a invasão da Ucrânia e rompe longos períodos de neutralidade histórica.

Contrário também ao treinamento de tropas ucranianas na Croácia, Milanovic ampliou a narrativa na semana passada ao dizer que a Crimeia, península do Mar Negro anexada pela Rússia em 2014, nunca mais fará parte da Ucrânia.

As discussões sobre o envio de caças à Ucrânia aumentaram depois que EUA e Alemanha anunciaram 31 tanques americanos M1 Abrams e 14 Leopard-2 alemães a Kiev.

Ainda é cedo para estimar o impacto militar, que essencialmente depende da quantidade ofertada e em quanto tempo os tanques estarão disponíveis, e os ucranianos, habilitados para operá-los. Relatório do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, de Londres, aponta que alguma diferença pró-Ucrânia no campo de batalha poderia ocorrer com ao menos cem blindados.

No caso dos EUA, houve uma mudança de rumo. Até aqui, Washington argumentava que seria contraproducente envolver os Abrams na guerra porque são tanques de treinamento complexo e que consomem muito combustível, pelo seu motor ser turbo, o que dificultaria a vida dos ucranianos. Zelenski agradeceu a iniciativa e aproveitou para reforçar os pedidos por caças e mísseis de longo alcance.

No Brasil, presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) negou um pedido do governo da Alemanha para que o país fornecesse munição de tanques que seria repassada por Berlim à Ucrânia. A decisão ocorreu no último dia 20, na reunião do petista com os chefes das Forças Armadas e o ministro da Defesa, José Múcio. Foi a véspera da demissão do comandante do Exército, Júlio Cesar de Arruda.

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