O Ibovespa, principal índice de ações da bolsa de valores brasileira, a B3, fechou em alta nesta quinta-feira (15), pela oitava sessão consecutiva. Com o resultado, acumulou um avanço de 5,09% no mês, chegando aos 134.153 pontos — maior patamar no ano e muito próximo da máxima histórica.
O movimento foi impulsionado, principalmente, pelos ânimos dos investidores com a expectativa de corte de juros nos Estados Unidos pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano).
Mas outros fatores importantes têm colaborado com o bom momento do Ibovespa.
Entenda cada um deles a partir dos tópicos abaixo:
- A sinalização de corte de juros pelo Fed;
- O tom do Banco Central do Brasil;
- As declarações sobre o arcabouço fiscal.
A sinalização de corte de juros pelo Fed
Em 31 de julho, o Fed decidiu manter os juros do país inalterados na faixa de 5,25% a 5,50% ao ano. O movimento, que já era esperado pelo mercado, veio acompanhado de uma sinalização importante: um possível corte da taxa na próxima reunião, em setembro.
Na ocasião, o presidente do Fed, Jerome Powell, disse que um corte nos juros poderá “estar na mesa” caso os dados econômicos do país caminhem conforme o esperado.
“As leituras de inflação do segundo trimestre aumentaram nossa confiança, e novos dados positivos fortaleceriam ainda mais essa confiança”, afirmou Powell.
Desde julho de 2023, os juros dos Estados Unidos estão no maior patamar em mais de 22 anos. A taxa atingiu esse nível porque, a partir de 2022, o BC norte-americano promoveu sucessivas altas, em tentativa de conter a inflação causada pela pandemia de Covid-19.
O movimento se reflete em outros países — incluindo o Brasil. Juros mais altos nos EUA elevam a rentabilidade dos Treasuries (títulos públicos norte-americanos). Isso se reflete nos mercados de ações e no dólar, com a migração cada vez maior de investidores para o país, em busca de melhor remuneração.
Por isso, uma sinalização de queda nos juros dos Estados Unidos leva otimismo ao mercado de ações brasileiro: com uma possível redução da taxa, os rendimentos na economia mais segura do mundo tendem a diminuir, forçando os investidores a tomarem mais risco. Isso beneficia o mercado de ações por aqui.
“A probabilidade de corte nos EUA a partir de setembro é positiva para os ativos de risco globais e para mercados emergentes. E a bolsa brasileira navega bem nesse sentido”, explica Frederico Nobre, líder de análise da Warren Investimentos.
Um novo fator elevou a confiança dos investidores em um corte dos juros pelo Fed em setembro: a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor dos EUA (CPI, na sigla em inglês), na última quarta-feira (14).
O índice subiu 0,2% em julho, acumulando uma alta de 2,9% em 12 meses. Excluindo os componentes voláteis da inflação — alimentos e energia —, o CPI subiu 0,2% em julho e 3,2% em 12 meses, no menor aumento anual desde abril de 2021.
Apesar de o resultado continuar acima da meta do Fed, de 2%, o mercado avalia que o comportamento mais benigno dos preços abre espaço para o primeiro corte nos juros desde 2020.
O tom do Banco Central do Brasil
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, em 31 de agosto, manter a taxa Selic em 10,50% ao ano. O destaque, no entanto, foi para o tom duro da decisão.
Na ata da reunião, o BC se mostrou mais preocupado com a alta do dólar — e seu impacto na inflação futura — e informou que “não hesitará em elevar a taxa de juros para assegurar a convergência da inflação à meta se julgar apropriado”.
Uma elevação da taxa, portanto, está na mesa dos decisores, e será levada em conta a depender dos dados econômicos até a próxima reunião.