MADRI, ESPANHA (FOLHAPRESS) – O Brasil está em queda livre no ranking da felicidade WHR (World Happiness Report), iniciativa da ONU (Organização das Nações Unidas) que publica anualmente relatório com a pontuação de cerca de 140 países.
O país caiu 11 posições no ranking 2023, referente ao triênio 2020 a 2022, divulgado nesta segunda (20). No ano passado, quando foram considerados os dados entre 2019 e 2021, o Brasil estava em 38º lugar. Agora, está em 49º.
Pode-se dizer que o Brasil trava uma triste e constante corrida em direção à infelicidade. Em 2019 (dados de 2016 a 2018), o país figurava na posição 29.
A medição do Relatório Mundial de Felicidade se baseia em sete indicadores principais. A principal delas é a avaliação de vida feita anualmente pelo Gallup. O instituto pergunta aos pesquisados qual nota, entre 0 a 10, eles dariam à sua vida. Dados dos países dos pesquisados também entram na equação. São eles PIB per capita, expectativa de vida saudável, liberdade, generosidade, apoio social e percepção de corrupção.
A generosidade, que cresceu cerca de 25% em relação a 2019, é um fator importante neste 11º Relatório de Felicidade Mundial, explica um dos autores do estudo, o economista John Helliwell, da Universidade de British Columbia, no Canadá.
“A generosidade para com os outros, especialmente a ajuda de estranhos, que aumentou dramaticamente em 2021, permaneceu alta em 2022”, disse ele, falando de um triênio marcado pela pandemia e, mais recentemente, pela Guerra da Ucrânia.
“Mesmo durante esses anos difíceis [de pandemia], as emoções positivas permaneceram duas vezes mais prevalentes do que as negativas, e os sentimentos de apoio social, duas vezes mais fortes do que os de solidão”, escreveu ele, em comunicado à imprensa.
Em primeiro lugar no ranking, pela sexta vez seguida, aparece a Finlândia, seguida pelos colegas gelados Dinamarca e Islândia, também nas mesmas posições do ano passado.
A novidade entre os primeiros é a ascensão de Israel, da nona posição para a quarta. Os seis demais países se mantêm no top 10, com algumas trocas de lugar: Holanda, Suécia, Noruega, Suíça, Luxemburgo e Nova Zelândia.
Nas posições finais estão diversos países africanos, como Serra Leoa (135º), Zimbábue (134º) e Botsuana (132º), ainda que as duas posições mais baixas venham do Oriente Médio e adjacências: Líbano (136º) e Afeganistão (137º). Ambos os países mantiveram a lanterna que já exibiam no ano passado.
“A Gallup World Poll, que continua sendo a principal fonte de dados neste relatório, pede aos entrevistados que avaliem sua vida atual como um todo, usando a imagem de uma escada, com a melhor vida possível para eles como 10 e a pior possível como 0”, esclarecem os autores do relatório.
“Normalmente, cerca de 1.000 respostas são coletadas anualmente para cada país. Os pesos são usados para construir médias nacionais representativas da população para cada ano em cada país. Baseamos nossas classificações usuais de felicidade em uma média de três anos dessas avaliações de vida, uma vez que o tamanho maior da amostra permite estimativas mais precisas.”
O estudo é coordenado, entre outros, pelo economista Jeffrey Sachs, diretor do Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade Columbia (EUA), pelo Centro de Pesquisa de Bem-Estar da Universidade Oxford (Reino Unido) e pelo Programa de Bem-Estar da London School of Economics and Political Science.
Na semana passada, paralelamente ao estudo da ONU, uma outra pesquisa, chamada Global Happiness Study ou Estudo Global da Felicidade, foi divulgada pelo instituto Ipsos.
Feita de modo online, com dados de 22 mil pessoas em 32 países, a pesquisa mostra dados radicalmente diferentes daquela divulgada pela ONU –que pesquisou 137 países.
Segundo o Ipsos, o Brasil é a quinta nação mais feliz do mundo, com 83% dos 1.000 entrevistados se considerando como felizes ou muito felizes. Um ano antes, os brasileiros felizes ou muito felizes haviam sido apenas 63%.
À frente do Brasil no top five, segundo o Estudo Global da Felicidade, aparecem China (91% de felizes ou muito felizes), Arábia Saudita (86%), Holanda (85%) e Índia (84%). Já os piores foram Hungria (50%), Coreia do Sul (57%) e Polônia (58%).