O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) contou 1.652.876 indígenas na população brasileira, segundo dados preliminares coletados pelo Censo Demográfico 2022 até esta segunda-feira, 3. Se confirmado, o resultado indica uma fatia de aproximadamente 0,8% do total de habitantes estimados para o País.
“Esse número é preliminar, devendo passar pela etapa de tratamento estatístico posterior à coleta de dados, podendo crescer até a divulgação dos primeiros resultados definitivos na primeira semana de maio”, ponderou o IBGE, em comunicado.
Na última sexta-feira, 31, o Ministério do Planejamento e Orçamento anunciou a conclusão da operação especial para recenseamento da população residente na Terra Indígena Yanomami, que se estende pelos Estados de Roraima e Amazonas. Foram recenseados 16.864 indígenas em Roraima e 10.280 indígenas no Amazonas, totalizando 27.144 indígenas na região.
“Esse total de 27.144 inclui 5.600 indígenas recenseados em áreas mais remotas com apoio de agentes e helicópteros da Polícia Rodoviária Federal (PRF)”, observou o IBGE.
A operação especial de recenseamento na Terra Indígena Yanomami envolveu cinco ministérios (Justiça e Segurança Pública, Defesa, Povos Indígenas, Saúde e Planejamento e Orçamento, responsável pela coordenação dos trabalhos), além do apoio do governo de Roraima.
Coleta atrasada
O IBGE prorrogou a etapa de apuração e coleta do Censo Demográfico 2022 até o fim de abril. Com isso, o instituto adiou novamente a previsão de divulgação dos dados preliminares do levantamento censitário, que agora está prevista para o dia 4 de maio.
“A apuração do Censo, bem como as ações pontuais, finais, de coleta de dados, serão concluídas até o fim de abril. Os dados preliminares serão anunciados pelo IBGE no dia 4 de maio”, informou na semana passada o Ministério do Planejamento, ao qual o IBGE é subordinado.
Embora o IBGE tenha anunciado a conclusão oficial da coleta do Censo em fevereiro, recenseadores permaneceram em campo tentando reduzir a proporção de não recenseados na população brasileira. No que deveria ser a etapa de apuração e conferência de informações prestadas, trabalhadores contratados pelo instituto tentavam ampliar a cobertura com visitas a mais domicílios. Até o último dia 15 de março, havia Unidade da Federação com mais de 20% da população ainda não recenseada.
No último dia 25, o IBGE organizou uma cerimônia em Heliópolis, em São Paulo, para marcar uma ação nacional de mobilização de recenseamento em favelas, em parceria com a Central Única das Favelas (Cufa) e o Data Favela. O ato contou com a participação da ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet.
Segundo o IBGE, a força-tarefa para aumentar a proporção de população recenseada nas favelas ocorreria em 20 Estados. A iniciativa “busca abrir caminhos e portas para o IBGE avançar com a operação censitária nas comunidades e reduzir o porcentual de não respostas nos chamados aglomerados subnormais”, divulgou o instituto, em nota.
O IBGE não disponibiliza mais os dados da coleta do Censo em tempo real, mas, até o último dia 15 de março, 190,523 milhões de brasileiros tinham sido recenseados. O montante é equivalente a aproximadamente 90% da população, segundo a prévia estimada pelo instituto estatístico e enviada ao Tribunal de Contas da União (TCU), no fim de 2022.
No Amapá, 20,8% da população não tinha sido ainda recenseada até meados de março. Em São Paulo, ainda faltava recensear 16% dos habitantes, e no Rio de Janeiro, 15,1%. Outros Estados com lacunas de dois dígitos no recenseamento eram Rondônia (17,3% da população não recenseada), Espírito Santo (13,4%), Tocantins (11,8%), Pará (11,7%), Acre (11,6%) e Distrito Federal (13,9%). Os Estados com maior cobertura foram Santa Catarina (98,1% da população recenseada), Piauí (97,2%), Paraíba (95,8%) e Roraima (94,5%).
O IBGE vinha alertando sobre a dificuldade de recenseamento em residências de alta renda, mas a elevada proporção de não recenseados em diversos Estados e o esforço nacional em favelas mostram que há lacunas também nas demais faixas de rendimento.
A coleta do Censo, iniciada em 1º de agosto de 2022, se estenderia inicialmente até o fim de outubro do ano passado. Após uma série de dificuldades para contratação, pagamento e manutenção de recenseadores atuando no trabalho de campo, o prazo foi prorrogado sucessivas vezes. A coleta tem como data de referência as condições em que vivia a população brasileira no dia 31 de julho de 2022.
Há duas semanas, o IBGE previa divulgar os primeiros resultados do Censo no final de abril.