Na tarde desta quinta-feira (12), a Justiça de Campos dos Goytacazes, realizou a primeira audiência de instrução e julgamento do estudante de medicina Carlos Eduardo Tavares de Aquino Cardoso, de 32 anos. Ele é acusado de atropelar e matar de forma proposital sua própria mãe, Eliana de Lima Tavares, de 59 anos.
A audiência começou às 13h40 e se estendeu até 19h55. Ao todo, foram ouvidas 14 testemunhas, incluindo policiais civis e militares, as cinco vítimas que estavam em um carro atingido após o atropelamento, e Eduardo de Aquino, pai do acusado e marido da vítima. O réu utilizou o direito de permanecer em silêncio.
Histórico de Violência e Relatos de Agressões
Eduardo, pai do acusado, revelou que Carlos Eduardo começou a agredir a mãe ainda na adolescência, entre os 16 e 17 anos. Ele também confirmou que Eliana vivia com medo do filho. “Ele falava para ela: ‘Você tem que morrer!’”, relatou.
A irmã do réu, Lara Aquino, também expôs episódios de violência. Ela contou sobre uma agressão grave que ocorreu quando Carlos Eduardo descobriu que ela tinha um namorado através de mensagens que ela trocava pelo celular da mãe. “Ele bateu tanto nela que quebrou o nariz dela. O banheiro ficou cheio de sangue, foi uma cena de horror”, relatou. Lara também apontou que o irmão chegou a roubar objetos da própria casa para sustentar o vício em drogas.
O Crime
Carlos Eduardo foi preso após atingir a mãe pelas costas enquanto ela trafegava de bicicleta elétrica pela Avenida Francisco Lamego, no bairro Jardim Carioca, distrito de Guarus, na noite de 28 de outubro. Segundo a denúncia, ele é acusado de feminicídio, lesões corporais culposas contra cinco pessoas e dirigir sob efeito de entorpecentes.
Uma das vítimas do acidente, que ainda se recupera dos ferimentos, chegou à audiência em uma cadeira de rodas.
Investigação Aponta Intenção
O delegado Carlos Augusto Guimarães destacou evidências de que Carlos Eduardo agiu com intenção de matar. “O uso do veículo de forma anormal antes do acidente, a tentativa de fuga do local e o fato de ele não demonstrar qualquer remorso são fatores que indicam o dolo”, afirmou. Além disso, a boa iluminação da área e a cor característica da bicicleta elétrica reforçam que o réu sabia que estava atingindo a mãe.
Depoimentos
Durante a audiência, Eduardo, pai do acusado, detalhou a convivência com o filho e os esforços para tratar o vício em drogas. “A faculdade disponibilizou um psiquiatra, mas ele estava muito agressivo ultimamente”, disse.
A defesa optou por não apresentar declarações do réu, que permaneceu em silêncio, encerrando a primeira audiência do caso.