SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O governo do Chile declarou estado de catástrofe nesta sexta-feira (3) após a morte de pelo menos 13 pessoas em decorrência de incêndios florestais que atingem a região centro-sul do país. Aproximadamente 40 mil hectares já foram queimados, e centenas de casas, destruídas.
Autoridades estimam em quase 200 os focos ativos de incêndio em meio à forte onda de calor. Diante da tragédia, a ministra do Interior, Carolina Toha, disse esperar ajuda dos governos e empresas do Brasil e da Argentina.
A maioria das mortes -11 pessoas, incluindo um bombeiro- foi registrada na cidade de Santa Juana, em Biobio, região que fica a cerca de 500 quilômetros ao sul da capital, Santiago. O governo declarou estado de catástrofe na região e determinou o envio de militares e recursos para o combate às chamas.
Um helicóptero que havia sido contratado pela Corporação Nacional Florestal caiu na região de La Araucania, matando outras duas pessoas. A dupla atuava no apoio às equipes de emergência.
“As condições nos próximos dias continuarão arriscadas”, disse a ministra Toha. Segundo ela, cerca de 40 focos de incêndio ainda estão fora de controle e uma frota de 63 aeronaves foi disponibilizada para o reforço e combate ao fogo.
O presidente chileno, Gabriel Boric, interrompeu as férias de verão e viajou para Nuble e Biobio, que juntas somam população de quase 2 milhões de pessoas.
“Meu papel como presidente é garantir que todos os recursos estejam disponíveis para a emergência e para que as pessoas sintam que não estarão sozinhas”, disse Boric. Ele também apontou suspeita de que os incêndios possam ter sido iniciados intencionalmente.
Algumas famílias buscaram refúgio em abrigos, segundo a agência chilena de desastres Senapred. As chamas interromperam o tráfego em rodovias e vários assentamentos foram esvaziados.
As previsões meteorológicas nesta sexta indicavam temperaturas acima de 38º C na capital de Nuble, Chillan, com ventos fortes que ameaçavam o alastramento das chamas.
A situação, longe de ser controlada, lembra a catástrofe ocorrida na região em 2017, quando 11 morreram e cerca de 6 mil ficaram desabrigadas nos incêndios que queimaram mais de 450 mil hectares e destruíram cerca de 1,5 mil casas. Como naquele ano, os focos de incêndios começaram em áreas agrícolas e florestais e progrediram até ameaçar e destruir áreas povoadas.
A declaração do estado de catástrofe permite a disponibilização de recursos adicionais para a situação de emergência e socorro dos impactados, além do emprego de forças militares no combate às chamas.
Para especialistas, fortes ondas de calor como a que atinge o Chile têm relação com o agravamento da crise climática -que multiplica a ocorrência de eventos extremos no planeta.