(FOLHAPRESS) – A cidade de São Paulo registrou 66 mortes no trânsito em fevereiro deste ano, o maior número de vítimas para o mês desde 2018. Em relação ao mesmo mês em 2022, o aumento é de 53%.
Embora tenha ficado estável o número de mortes de motociclistas, que historicamente são as mais numerosas, houve um aumento de vítimas entre pedestres e entre os motoristas e passageiros de carros.
Em janeiro e fevereiro, o total de mortes entre motoristas e passageiros de carros na capital foi o maior desde o início da série histórica do Infosiga, sistema do Governo de São Paulo que monitora acidentes de trânsito.
Ao todo, 33 pessoas morreram dentro de automóveis nos dois primeiros meses deste ano.
O número de mortes nesses veículos aponta para um índice de mortes acima da média histórica pré-pandêmica, observa o professor Creso de Franco Peixoto, da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), especialista em infraestrutura.
Ele diz que o retorno do Carnaval, que voltou a ocorrer em sua plenitude neste ano, pode ajudar a explicar o aumento da quantidade de mortes, mas que é necessário estudos mais abrangentes para determinar se essa é ou não uma tendência para os próximos meses.
O docente cita o excesso de velocidade e o consumo de álcool como possíveis causas para os acidentes.
“Precisamos intensificar as campanhas de conscientização para a segurança”, diz Peixoto. “Com o aumento do medo de ser flagrado, temos normalmente uma redução de escolhas arriscadas pelos motoristas.”
As motocicletas continuam sendo o meio de transporte mais perigoso na cidade. Em janeiro e fevereiro, 46 motociclistas e passageiros morreram no trânsito da capital -mesma quantidade de mortes no mesmo período do ano passado.
A redução do número de mortes envolvendo motos é uma das prioridades de Ricardo Nunes (MDB). A gestão municipal implementou, de forma experimental, as faixas azuis para motociclistas. Após completar um ano sem mortes, Nunes planeja implantar mais 220 quilômetros dessas faixas na cidade e a gestão estuda criar pistas segregadas para motociclistas nas marginais Tietê e Pinheiros.
Em janeiro e fevereiro, houve um aumento de 50% no número de pedestres mortos na cidade. Foram 45 vítimas em 2023 e 30 no ano passado. Nesse caso, embora tenha voltado ao patamar de 2021, as mortes ainda estão abaixo da média pré-pandemia.
Em todo o estado de São Paulo, o número de mortes no trânsito ficou estável. Foram 356 mortes no mês passado, uma a mais do que em fevereiro de 2022. Isso se repetiu com as mortes de motociclistas: foram dois fevereiros seguidos com 287 vítimas nesse tipo de veículo.
Questionada, a SMT (Secretaria Municipal de Mobilidade e Trânsito) disse que vem implementando medidas para reduzir a quantidade de acidentes de trânsito e de vítimas. Entre elas, citou as “frentes seguras”, áreas para motocicletas aguardarem a abertura do sinal em cruzamentos, e as faixas azuis.
A secretaria diz que a CET está elaborando seu próprio relatório anual de acidentes com os dados de 2022 e que em dez anos, até 2021, houve redução de 47,5% dos atropelamentos, 26,8% das colisões e 11,7% dos choques entre veículos.