SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Moradores de áreas de risco no Rio Grande do Sul devem buscar locais seguro por causa de um ciclone extratropical, que deve se formar entre esta sexta-feira (8) e sábado (9). A Defesa Civil deu a orientação nesta quinta (6).
O novo ciclone deve ocorrer menos de um mês depois de outro ter provocado uma tragédia que matou 16 pessoas em oito municípios do estado.
Em vídeo publicado nesta quinta (6), o coronel Luciano Boeira, chefe da Casa Militar do governo estadual e coordenador estadual de Proteção e Defesa Civil fez um alerta sobre os cuidados com o novo ciclone, que deverá provocar excesso de chuvas a partir desta sexta.
“Se você mora em áreas de risco, busque um local seguro. Vá para a residência de familiares, de amigos, ou procure um dos abrigos oferecidos pela prefeitura do seu município”, afirma o militar no vídeo publicado no Twitter da Defesa Civil.
Na gravação, Boeira reforça para os riscos na sexta e sábado com o novo ciclone extratropical na costa gaúcha. “Temos previsão de chuvas intensas para as regiões oeste, centro e leste do estado.”
Segundo a Defesa Civil estadual, o alerta foi feito após reunião remota com representantes da Defesa Civil Nacional, Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) e Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais).
“Na reunião foram dadas informações meteorológicas para os próximos dias e apresentadas ações de prevenção e a articulação do sistema, com a atuação em esfera estadual perante eventuais transtornos associados que podem ocorrer nos próximos dias após a formação do ciclone”, publicou a Defesa Civil gaúcha.
De acordo com o Inmet, a previsão indica aumento da instabilidade e ocorrência de chuva, especialmente, no sul do Rio Grande do Sul e na região da Campanha Gaúcha, já a partir desta quinta, quando uma frente fria avança pelo oceano Atlântico e se aproxima do sul do estado.
“Além disso, uma área de baixa pressão vai ganhar força sobre o continente, entre o norte da Argentina e o Paraguai, e se conectar à frente fria”, afirma.
A previsão é que o ciclone se forme até a manhã de sábado, provocando também fortes rajadas de vento em torno de 70 km/h no litoral gaúcho.
À Folha, na última terça-feira (4), a meteorologista Josélia Pegorim, da Climatempo, disse que a previsão é que no próximo sábado o volume de chuva fique entre 100 mm e 150 mm no Rio Grande do Sul.
O volume é inferior à média de 200 mm a 300 mm da tragédia que atingiu o estado em 24 horas nos últimos dias 15 e 16 de junho. Mas, segundo a meteorologista, é suficiente para provocar inundações e alagamentos.
“Ciclones extratropicais são comuns no Sul do país, principalmente no inverno. Geram muita chuva e ventos fortes”, afirma Pegorim.
A meteorologista explica que os ciclones extratropicais se formam em áreas onde a pressão do ar fica mais baixa que a do entorno. A circulação do vento impulsiona a umidade a níveis mais elevados da atmosfera, gerando nuvens de chuva.
“Quanto mais baixa for a pressão, mais fortes são os ventos e mais instabilidade e nuvens carregadas podem se formar no entorno desse sistema”, diz.
Em Santa Catarina, a Defesa Civil de Itajaí também emitiu alerta para a formação de ciclone na divisa com o Rio Grande do Sul, mas lembrou que é uma condição normal nesta época do ano.
De acordo com o Inmet, o ciclone extratropical, associado à frente fria, terá rápido deslocamento por áreas da região Sul. No domingo (9), ele vai atuar sobre o mar, na altura da região Sudeste.
“Neste dia, a chuva tende a ficar concentrada, principalmente, entre Santa Catarina, Paraná e sul e leste de São Paulo, mas em menores volumes”, afirma o instituto.
Em seu site, a MetSul Meteorologia, porém, alertou para a previsão de dois episódios de chuva excessiva no Rio Grande do Sul em poucos dias que podem trazer acumulados de até 300 mm de volume de água em menos de uma semana.
“O primeiro vai se dar entre esta sexta e sábado, enquanto o segundo ocorrerá na próxima semana, entre a segunda [10] e a quarta-feira [12] com a chuva mais intensa entre terça [11] e quarta”, diz.
“Muitas cidades gaúchas terão chuva superior à média histórica mensal de julho inteiro somente nos próximos sete dias”, afirma a MetSul, alertando para alagamentos.
Leia Também: Câmara aprova reforma tributária em 1º turno com placar de 382 votos a 118