SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O conflito no Sudão já provocou a fuga de aproximadamente 100 mil pessoas pelas fronteiras e está criando uma crise humanitária que pode se estender para outros países, alertou nesta terça (2) as Nações Unidas. No total, 528 mortes foram confirmadas desde que os combates iniciaram, no último dia 15.
Segundo a ONU, o conflito pode se transformar em um desastre ainda maior, uma vez que os vizinhos já lidam com crises de refugiados e os combates dificultam a entrega de ajuda no Sudão, um dos países mais pobres do mundo e onde dois terços dos 45 milhões de habitantes dependem de algum tipo de auxílio externo.
Os alertas foram feitos enquanto tiros e explosões ecoavam na capital, Cartum, após várias tentativas fracassadas de cessar-fogo entre as forças do Exército sudanês, lideradas pelo general Fatah al-Burhan, e do grupo paramilitar RSF (Forças de Apoio Rápido), comandadas pelo também general Mohamed Hamdan Dagalo, conhecido como Hemedti.
Ao manifestar preocupação com uma expansão da crise, o presidente do Egito, Abdel-Fattah al-Sisi, disse que o Cairo forneceria apoio ao diálogo. Ao mesmo tempo, ele se mostrou cauteloso e disse que estava tendo cuidado para não interferir nos assuntos domésticos do país vizinho.
“Toda a região pode ser afetada”, afirmou al-Sisi nesta terça, quando um representante do Exército sudanês se reuniu com autoridades egípcias no Cairo para discutir o conflito.
Diante das dificuldades, funcionários das Nações Unidas informaram que o coordenador de ajuda emergencial da ONU, Martin Griffiths, pretendia visitar o Sudão nos próximos dias, segundo a agência de notícias Reuters. Já o Programa Mundial de Alimentos informou nesta segunda (1º) que estava retomando o trabalho nas áreas mais seguras do país -a agência havia interrompido a operação por questões de segurança no começo do conflito, quando três funcionários foram mortos.
“O risco é que não seja apenas uma crise no Sudão, mas uma crise regional”, reforçou Michael Dunford, diretor do Programa Mundial de Alimentos para a África Oriental.
Na terceira semana do conflito, os líderes dos grupos rivais não mostram sinais de recuo, tampouco parecem capazes de garantir uma vitória rápida. Isso aumenta os temores de um conflito prolongado, além da interferência de forças externas.