O assassinato da engenheira Letycia Peixoto Fonseca, 31 anos, dia 2 de março, em Campos dos Goytacazes, causou grande repercussão, não apenas pela forma cruel com que aconteceu, mas, também porque ela estava grávida de oito meses, o bebê chegou a nascer, porém morreu um dia depois, em consequência do que ocorreu com a mãe.
Dois homens em uma moto foram os executores e também tentaram contra a mãe de Letycia, Cíntia Fonseca, que a acompanhava e levou um tiro na perna esquerda. Imediatamente, a titular da 134ª Delegacia de Polícia, Nathália Patrão, entrou em ação com sua equipe e apoio da Polícia Militar. No primeiro passo, apontou: “crime passional”.
A estratégia da delegada logo descobriu e prendeu os executores, o dono da moto usada no crime e o suspeito de ter negociado a “empreitada”. Em seguida, chegou ao possível mandante, o professor do Instituto Federal Fluminense (IFF), Diogo Viola de Nadai.
Segundo a delegada, o assassinato teria sido premeditado antes do carnaval (dia 27 e fevereiro), sendo motivado pelo caso extraconjugal, pesado pelo fato de Letycia estar grávida e a pretensão de Diogo em buscar um relacionamento normal com a legítima esposa.
O professor continuou negando, a defesa dele tentou um habeas corpus (não concedido pela Justiça), porém, a delegada Nathália Patrão descobriu que o suspeito, além da prática de atos estranhos antes, no dia e após o crime, teria articulado um álibi para sair do foco.
Diogo Viola não confessa, no entanto, um dos presos de apelido “Polaco”, afirmou que intermediou a execução de Letycia, a pedido do professor. Dayson dos Santos Nascimento, piloto da moto, confirmou ter sido contratado por R$ 5 mil, assim como o carona, um menor de inicial F., autor dos disparos.
Daí em diante, seguindo na linha traçada desde a abertura do inquérito, a delegada reuniu as peças, evitou que alguns empecilhos pudessem atrapalhar as investigações e fecha o inquérito selando com o que havia suspeitado desde o início: “crime passional” e o mandante teria sido o professor, com quem a engenheira convivia, em união estável, há oito anos.
AUDIÊNCIA EM MAIO – Nesta segunda-feira (3), Nathália Patrão concedeu uma entrevista coletiva, para detalhar as investigações e a conclusão. Ela informou que o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) já ofereceu denúncia e o Poder Judiciário aceitou e marcou a primeira audiência para o dia 18 de maio.
As prisões do mandante, do piloto da moto e do executor foram convertidas em preventivas, no entanto, a do intermediador do crime permanece domiciliar, em razão de ter três filhos especiais que dependem dele estar próximo. Em relação a João Gabriel, o dono da moto, nada ficou provado contra ele e foi liberado.
“Diogo, Fabiano e Dayson são efetivamente acusados pela prática do crime contra a Letycia, homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, paga, elemento surpresa, que tornou impossível a defesa da vítima da ofendida e pelo feminicídio” resumiu a delegada.
“Nesse feminicídio a gente também tem a causa de aumento de pena, por Letycia ser gestante”, disse Nathália, apontando ainda a tentativa contra a mãe da engenheira e a morte do bebê. A delegada apurou que o professor teve o primeiro contato com João Gabriel, antes do carnaval, entregando a ele uma foto do carro da empresa na qual a companheira trabalhava.
Casado com a professora de química do IFF, Érica, desde 2010, em 2016 Diogo Viola conheceu Letycia. Iniciaram o relacionamento, ela engravidou, mas perdeu o filho. Nathália revelou ainda que em 2019, sob a justificativa de que havia se separado da esposa, o professor passou a conviver com Letycia e mentia para ela e a esposa, com o objetivo de manter os dois relacionamentos.
De acordo com a delegada, a esposa de Diogo mentiu em seu primeiro depoimento na Delegacia de Polícia e justificou que o fez a pedido do marido e porque que se sentiu ameaçada. Sobre a moto e a arma usadas no crime, continuam desaparecidas e novas buscas não vão ser realizadas.
*Com informações do O Dia*