O passado em situação de rua, com vício em drogas e álcool, do técnico de refrigeração Jorge Alberto de Souza Júnior, de 42 anos, ficou para trás. Ao entrar no Centro de Atendimento Integrado a Pessoas em Situação de Rua (Cipop), na Central do Brasil, ele deu novo sentido à vida: conseguiu tirar seu documento de identidade, regularizar sua situação e já sonha com inserção no mercado de trabalho e na sociedade.
Jorge Alberto é um dos mais de 2,3 mil atendidos pelo Detran.RJ no Cipop desde abril deste ano, quando o espaço foi inaugurado para acolher e proporcionar cidadania às pessoas em situação de rua. Nos dois boxes da Diretoria de Identificação Civil do Detran.RJ são realizados, em média, 385 atendimentos por semana.
“O Detran.RJ exerce um papel importante para que essas pessoas possam resgatar a cidadania. É preciso parabenizar o Tribunal de Justiça por esse projeto e pela parceria que deu muito certo. Nossa missão é ajudar pessoas que precisam de atenção especial do poder público”, diz o vice-presidente do Detran.RJ, André Mônica.
Além do Detran.RJ, estão no Cipop a Fundação Leão XIII, a OAB-RJ, o Sistema Nacional de Empregos (Sine) e o INSS, entre outros. A aceitação do serviço já é notada, nas primeiras horas da manhã, pela fila que se forma diante da Central de Atendimento, na Rua Senador Pompeo, s/nº, atrás do prédio da Central do Brasil. Embora o atendimento só comece às 11h, as pessoas preferem chegar cedo em busca do atendimento, que se encerra às 16h.
Para o motorista Leandro Gomes Cruz, de 43 anos, chegar cedo foi uma estratégia para reduzir a ansiedade. Com problemas de álcool e drogas e sem documentos, ele morou nas ruas e ficou sem emprego e sem ter como se reinserir no mercado de trabalho. Fez tratamento contra a adicção e, com a identidade em mãos, comemorou ter recebido uma carta de recomendação para emprego.
“Estava morando na rua, sem alternativa. Quando soube do serviço, tirei aqui a identidade, o que me deu a chance de conseguir outros documentos e até ser indicado para um emprego. Agora pretendo retomar o contato com minha família”, disse Leandro, emocionado.
Para o desembargador Vitor Marcelo Rodrigues, coordenador do Cipop, a criação do Centro de Atendimento atendeu as necessidades das pessoas em situação de rua, carentes de serviços essenciais. “Resgatamos a dignidade, a autoestima, a cidadania dessa população de rua. É um ambiente acolhedor. Estamos proporcionando a essas pessoas os serviços básicos”, afirmou.
A atenção especial à pessoa em situação de rua é motivo de comemoração para o porteiro Gilberto Ferreira da Silva, de 59 anos. Levado a morar nas ruas após se separar da esposa, ele encontrou no Cipop o acolhimento necessário. Com a carteira de identidade, emitida pelo Detran.RJ, ele conseguiu outros documentos e teve acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC-Loas), do INSS. Por último, deu entrada na aposentadoria.
“Cheguei aqui e me ajudaram em tudo. Agora eu moro em abrigo, tenho o benefício e aguardo a aposentadoria, que foi encaminhada pelos atendentes aqui do Cipop. Já penso até em ter um cantinho para morar quando conseguir me aposentar”, disse Gilberto.
Fonte: Detran