SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Após o imbróglio diplomático com parceiros do Ocidente devido a discursos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a Guerra da Ucrânia, o assessor especial para política externa Celso Amorim esteve em Kiev nesta quarta-feira (10).
O diplomata se reuniu com o presidente Volodimir Zelenski, com membros de seu gabinete e com o vice-chanceler Andrii Melnik, que compartilhou nas redes sociais uma foto com o assessor de Lula. O chanceler ucraniano, Dmitro Kuleba, não está no país, disse Amorim.
À reportagem o principal conselheiro de Lula para política externa afirmou que a visita foi “muito tranquila”. “O diálogo foi positivo, de criação de confiança, visando a explicar nossos objetivos para a paz”, afirmou ele, que disse não querer compartilhar mais informações pois isso deve ser feito em breve, de forma oficial, pelo governo.
Amorim tem sido o enviado especial do presidente Lula a países com cenários domésticos sensíveis que estão na agenda da política externa brasileira. Foi o caso, por exemplo, da Venezuela de Nicolás Maduro, onde o diplomata esteve em março para falar de eleições.
Depois, foi também a Moscou, onde encontrou o presidente Vladimir Putin e o chanceler Serguei Lavrov. O episódio fez crescer a pressão para que o governo brasileiro enviasse Amorim também a Kiev, de modo a mostrar equilíbrio e afastar a imagem de um possível favorecimento ao lado invasor.
Então, em abril, a Secretaria-Geral da Presidência anunciou a intenção de enviar o diplomata à Ucrânia. O comunicado ocorreu enquanto Lula estava em agenda oficial em Portugal, uma visita que foi marcada por questionamentos sobre a postura do petista em relação à guerra.
Após o encontro de Amorim com Andrii Melnik, vice-chanceler ucraniano e representante para Américas, o ministério das Relações Exteriores da Ucrânia divulgou nota em que afirma que avaliou positivamente as intenções de Lula de facilitar a paz na Ucrânia.
“Convidamos o Brasil a se engajar ativamente na implementação da fórmula de paz do presidente Zelenski”, diz um trecho do texto, que também agradece à diplomacia brasileira por vir condenando, em fóruns internacionais, a invasão russa da Ucrânia.
No Twitter, Melnik escreveu que o Brasil “pode ter um papel importante para parar a agressão russa” e demonstrou interesse de “revigorar” a parceira estratégica Ucrânia-Brasil, lançada em 2009 durante uma visita de Lula, então em seu segundo mandato, à Ucrânia.
Em seu site, o Itamaraty diz que o comércio entre os dois países reduziu significativamente desde 2013, quando eclodiram os protestos conhecidos como Euromaidan na Ucrânia, que pediam a saída do então líder do país, uma figura pró-Moscou. Um ano depois, a península da Crimeia também seria tomada pelos russos.