Em menos de 15 dias, a dona de casa Ludmila Nascimento, de 29 anos, moradora do Morro dos Macacos, Zona Norte do Rio, perdeu o marido e o sobrinho vítimas de confrontos entre facções criminosas que disputam o controle da venda de drogas na comunidade.
“O tiro pegou todo na cabeça dele pra proteger o meu filho que estava no colo dele. Meu filho viu o pai dele caindo. Ele pergunta ‘por que meu pai me deixou cair?’. Meu filho chora o tempo todo falando que quer o pai, ele acha que o pai está vivo ainda, como eu falo que ele não está mais aqui?”, desabafa Ludmila.
Para a polícia, a intenção de criminosos que chegaram atirando em uma praça de Vila Isabel na noite de domingo (18), era matar Pedro Henrique Barbosa da Conceição, conhecido como Marreco e apontado como chefe do Morro dos Macacos. Só que na empreitada, os criminosos atingiram outras seis pessoas que estavam em uma festa no local.
Cinco deles morreram, incluindo o pai de família Wallace de Oliveira Cláudio, de 34 anos, que estava com o filho de 4 anos no colo quando foi atingido na cabeça.
No dia 5 de agosto, Ludmilla perdeu o primo também em um tiroteio de criminosos rivais no Morro dos Macacos. O adolescente Guilherme Souza de Assis, de 13 anos, estava com a mãe quando foi atingido. Um entregador de 20 anos morreu baleado no mesmo local.
“Eu estou destruída, o meu coração tá em pedaços, porque ele era o nosso porto seguro”, desabafa ela.
Ataque deixou outras vítimas
Gabriel Pereira Candido, de 24 anos, Pedro Henrique Pereira dos Santos, de 18, e o adolescente Thailon Martins Lucas, de 17, também foram baleados e morreram. Uma sétima vítima, que viu seu irmão de criação morrer no local do tiroteio, teve alta do hospital.
Thailon será sepultado na tarde desta terça-feira (20).
Bandidos identificados
A Polícia Civil identificou três suspeitos de participar do ataque deste domingo (18). Entre eles, os bandidos Dadal e Titauro, que tinham traído a facção e se filiado a criminosos rivais por insatisfação com o salário que estava sendo pago pelo tráfico.
Há também informações de que Carlos Costa Neves, conhecido como Gadernal, está envolvido. Segundo a polícia, ele é segurança de um dos chefes do Comando Vermelho, o Doca, e teria assumido a administração de investidas contra rivais depois da prisão do traficante Corolla no Jacarezinho.