Ex-alunos que relataram abuso em colégio de SP lamentam falta de punição 30 anos depois

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em um vídeo de 2002, o professor Carlos Veiga Filho fala com alunos do Colégio Rio Branco sobre novidades para a monitoria da escola. Ao fim de uma viagem de formatura, ele celebra os resultados, pede engajamento das futuras gerações de estudantes no programa e anuncia, entre gritos e aplausos dos adolescentes, os chefes do ano seguinte.

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Veiga Filho, 61, está preso desde 11 de junho após ter sido detido em Hortolândia, no interior de São Paulo, sob suspeita de estupro de vulnerável.

Ele teria mantido, segundo a Justiça, relações sexuais com três menores de 14 anos no apartamento e nas dependências da escola em que trabalhava no interior de São Paulo. A defesa nega e diz que ele nunca cometeu nenhum crime em sua carreira de mais de 30 anos como professor.

No registro em vídeo de 22 anos atrás, Veiga Filho estava animado para 2003, mas foi demitido naquele ano em uma reestruturação interna, segundo o Rio Branco -que tem unidades em Higienópolis (na região central da cidade de São Paulo) e em Cotia (na região metropolitana da capital paulista).

Após sua prisão, em 11 de junho, ex-alunos do colégio relataram casos de abuso em reportagens veiculadas no programa Fantástico, da TV Globo, e também na revista piauí.

A primeira audiência do caso de Serra Negra acontece nesta terça-feira (20), após a abertura do inquérito em outubro do ano passado. O promotor de Justiça de Serra Negra, Gustavo Pozzebon diz que parte dos mais de 20 relatos sobre a época do Colégio Rio Branco apenas serão usados para contexto da acusação, já que supostos crimes estariam prescritos.

A Folha de S.Paulo ouviu relatos de outros casos em que teria havido ritual de masturbação para integrar as chefias de monitoria e denúncia ao colégio ainda nos anos 1990.

Procurada, a defesa do professor afirma que não foi notificada ou citada oficialmente sobre qualquer investigação policial ou ação penal em curso relacionada a denúncias de ex-alunos do Colégio Rio Branco. “Valendo-se dos pressupostos éticos, quaisquer manifestações destes fatos atentariam contra a boa-fé.”

Já sobre o caso de Serra Negra, os advogados defendem a inocência de Veiga Filho “sob um robusto conjunto probatório colacionado aos autos” e dizem que a manutenção de sua prisão é ilegal.

Um desses ex-alunos que teria participado de um ritual de iniciação -e pediu para não ter seu nome divulgado- diz que demorou anos para se dar conta do que havia acontecido. Estudante da unidade Granja Viana (em Cotia), ele afirmou à reportagem que foi convidado na antiga sexta série (hoje o sétimo ano) para se juntar aos chefes de monitoria, durante uma viagem a Serra Negra em 1997.

O batismo para virar “monitor sênior” começou com um convite à noite, quando os alunos estavam dormindo. Além de ter se despido, sido vendado e fotografado nu por um amigo, ele afirma que foi instruído a se masturbar na foto de uma mulher.

Ele afirma que foi fotografado por Veiga Filho no batismo com outros garotos, também em 1999. Diz ainda que a pior parte foi se tornar, depois de sua iniciação, o padrinho de outros estudantes, conduzindo 20 garotos para esse batismo.

O rapaz diz ainda que, após o caso, passou anos fazendo terapia e chegou a ser internado, mas não tinha percebido que tinha sido vítima de abuso. Só chegou a essa conclusão anos mais tarde, depois de sofrer uma outra tentativa de assédio.

Ex-estudantes disseram à Folha de S.Paulo que quem conseguia virar monitor ganhava prestígio na escola. Além disso, afirmam que existia uma relação de amizade e lealdade entre eles, que desestimulava que alguém denunciasse os supostos abusos.

Quem ficava de fora se sentia desprezado. É o que diz o advogado Spencer Sydow, 44, ex-aluno da unidade de Higienópolis do Rio Branco. Ele, que também é ator e dublador, se inscreveu na seleção para o grupo de teatro da escola em 1994, cuja supervisão era de Veiga Filho.

“A seletiva era feita no próprio teatro. Fomos separados entre meninos e meninas. Nós fomos convidados a ficar de cueca para o exercício. Não fiquei, virei as costas e fui embora. Falei com meus pais e eles acharam que eu deveria denunciar.”

Ele diz que denunciou o caso ainda naquele ano a uma funcionária administrativa da escola, que trabalharia com Veiga Filho, depois a um professor (que já morreu) e à direção da unidade. Mas afirma eles não fizeram nada.

“Era a mesma coisa: não podiam se meter nisso, não havia nada que pudesse ser feito e cada professor tinha autonomia. Nenhuma providência foi tomada.”

Sydow afirma que não sofreu abuso, mas que era comum que alunos se sentassem no colo de Veiga Filho dentro de sua sala de trabalho, situação confirmada por amigos do tempo da escola após a notícia da prisão. “Eu avisei, falei muito tempo atrás. Isso me deu uma revolta muito grande.”

Em nota, o Colégio Rio Branco afirmou que, “passados 30 anos, lamentavelmente, não localizamos registros de denúncias ou apurações que possam ter sido feitas à época”.

A escola afirma que mantém canal de ouvidoria há anos e que, após a publicação das reportagens no início de agosto, recebeu 13 mensagens -sendo oito com identificação e quatro com autorização para encaminhamento a autoridades.

O Colégio Rio Branco também diz que vai intensificar o trabalho de prevenção com alunos para autopreservação e denúncia de situações atípicas dentro e fora da instituição e autoestima. “Na esfera institucional, estamos revisitando as políticas e procedimentos internos, dando continuidade à formação dos colaboradores em relação a comportamentos inadequados e identificação de possíveis situações de alerta.”

Para o advogado Felipe Sigwalt Pires, que diz ter sido procurado por um ex-aluno do Rio Branco para falar de abusos sofridos, os relatos sobre o caso de Veiga Filho, embora não tenham chance de serem julgados, são um alerta para outras possíveis vítimas de outros anos.

Isso porque, a depender do crime, casos que aconteceram há até 20 anos ainda não estão prescritos e podem ser investigados se as vítimas denunciarem.

“Até o fim do mês, crimes de agosto de 2004 em diante, de outras empresas em que ele trabalhou, isso ainda pode ser punido. E de 2012 em diante, mais ainda.”

Em 2012, uma mudança na lei ampliou o prazo de prescrição para crimes sexuais cometidos contra crianças e adolescentes. Após a alteração, o prazo passou a contar apenas quando a possível vítima faz 18 anos, não mais quando o suposto crime aconteceu.

Segundo relatos colhidos por Pires e um ouvido sob condição de anonimato pela Folha de S.Paulo, Veiga Filho teria continuado a atuar em atividades de viagem e recreação em 2003 e 2004, mas a defesa do ex-professor não respondeu os questionamentos. Ele começou a trabalhar em uma outra escola no interior de São Paulo em 2005.

 

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