Um antigo deputado indiano, que estava sendo julgado por homicídio e que estava cumprindo uma pena de prisão, foi morto no sábado à noite num ataque transmitido ao vivo por uma televisão local, num tiroteio que também vitimou o seu irmão.
A Associated Press conta que Atiq Ahmed, antigo deputado local durante quatro mandatos e deputado nacional em 2004, estava a caminho do hospital para uma consulta de rotina, sendo escoltado pela polícia local.
Durante a noite, três homens fizeram-se passar por jornalistas e abordaram a escolta policial, matando Atiq Ahmed e o irmão, Ashraf Ahmed, a sangue frio, na cidade de Prayagraj, no norte do país.
Os detalhes apontam para um ataque com índole racista, já que as autoridades contam que os homens entoaram cânticos nacionalistas hindus, usados de forma islamofóbica contra a minoria muçulmana na Índia.
“Eles conseguiram aproximar-se de Atiq e do seu irmão com o pretexto de gravar uma entrevista, e dispararam a curto alcance. Ambos sofreram ferimentos na cabeça”, explicou um polícia, acrescentando que “tudo aconteceu em segundos”.
Imagens divulgadas nas redes sociais – que o ClickCampos optou por não compartilhar, dada a natureza gráfica do incidente – demonstram a rapidez do ataque, com um dos indivíduos disparando vários tiros contra os corpos inanimados dos dois irmãos.
A região onde ocorreu o ataque, o estado de Uttar Pradesh, é governado pelo partido nacionalista Bhartiya Janata, o mesmo partido do primeiro-ministro, Narendra Modi, que tem sido acusado há vários anos pelas suas políticas extremamente islamofóbicas e de repressão contra a população islâmica – com a propaganda levada a cabo pelo Governo a resultar, muitas vezes, em massacres racistas.
O ataque deste sábado ocorreu apenas dois dias depois de o filho de Atiq Ahmad, um adolescente, ter sido morto pela polícia num tiroteio, sendo que as autoridades argumentam que o jovem era acusado de homicídio.
Atiq Ahmed é um conhecido político na Índia, mas é também uma figura controversa, com a Sky News a descrevê-lo como um “gangster convertido em político”. Ahmed foi condenado em 2019 por rapto e estava a ser acusado de homicídio, mas contava com mais de 100 acusações criminais.