SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – As Forças Armadas de Israel amarraram um homem palestino ferido ao capô de um jipe e o conduziram pelas ruas da cidade de Jenin, na Cisjordânia, revela um vídeo que viralizou nas redes neste sábado (22) e causou indignação. A autenticidade do vídeo foi confirmada pela agência de notícias Reuters.
O homem, Mujahed Azmi, foi baleado e preso por soldados israelenses durante uma operação que buscava apreender suspeitos de terrorismo no território ocupado, de acordo com Israel. “O suspeito foi levado pelas Forças Armadas em cima de um veículo, violando protocolos militares”, disse o Exército israelense em nota.
“A conduta dos soldados no vídeo do incidente não representa nossos valores”, continua o comunicado, que diz que a ocorrência será investigada e resolvida. Israel disse ainda que Azmi foi encaminhado a cuidados médicos do Crescente Vermelho, o braço da Cruz Vermelha em países de maioria muçulmana.
Segundo a família de Azmi, ele foi ferido durante a operação, e quando tentaram chamar uma ambulância, os soldados israelenses o amarraram ao capô do jipe e foram embora. No vídeo, é possível ver que os veículos militares passam por duas ambulâncias sem parar.
As imagens causaram indignação nas redes sociais, onde usuários acusaram Israel de cometer crimes de guerra e de utilizar o homem como um escudo humano durante a operação.
No início do mês, uma reportagem do jornal americano The New York Times revelou que palestinos detidos na base militar de Sde Teiman disseram ter sofrido tortura por parte das Forças Armadas de Israel. Eles foram mantidos em condições humilhantes sem contato com o mundo exterior por semanas.
Oito ex-detentos, todos os quais o Exército confirmou terem sido detidos no local e que falaram sob condição de anonimato ao veículo dos EUA, disseram ter sido socados, chutados e espancados com cassetetes, coronhas de rifles e um detector de metal portátil enquanto sob custódia. Sete disseram ter sido obrigados a usar apenas uma fralda durante o interrogatório. Três disseram ter recebido choques elétricos.
Segundo a reportagem, dos 4.000 detidos alojados em Sde Teiman desde outubro, 35 morreram no local ou após serem levados para hospitais civis próximos. Autoridades da base disseram que alguns deles morreram por causa de ferimentos ou doenças contraídas antes de sua prisão e negaram que tenham morrido em decorrência de abusos. Promotores militares estão investigando as mortes.
Desde o início do conflito atual na Faixa de Gaza entre Israel e o grupo terrorista Hamas, mais de 500 palestinos foram mortos em operações israelenses na Cisjordânia, um território ocupado militarmente por Tel Aviv e onde vivem mais de 2,7 milhões de palestinos.