MADRI, ESPANHA (FOLHAPRESS) – O Ministério Público francês informou nesta quinta-feira (27) que vai recorrer da absolvição da Air France e da Airbus por homicídio culposo pela queda do voo 447 no oceano Atlântico, em 2009. O órgão francês levará o caso a uma instância superior.
O recurso surge dez dias depois de o tribunal de apelação de Paris ter decidido que, apesar de terem sido cometidas “faltas”, não era possível estabelecer “um nexo de causalidade seguro entre as imprudências/negligências e o acidente”, segundo sentença da presidente do tribunal, Sylvie Daunis.
O Sindicato Nacional dos Pilotos de Linha Aérea (SNPL) disse estar “profundamente aliviado” com o recurso, qualificando a decisão do tribunal de “incompreensível e perigosa”.
O SNPL considera que a decisão do procurador permitirá ao tribunal de recurso “reexaminar as responsabilidades da Airbus e da Air France neste drama” a nível penal, depois de já ter reconhecido sua responsabilidade civil.
A absolvição de 27 de abril se referia a homicídio culposo, quando não há intenção de matar. No processo, o Ministério Público havia pedido multa de EUR 225 mil (R$ 1, 25 milhão) para cada uma das empresas.
De acordo com o sindicato, a Airbus manteve sondas de medição de velocidade defeituosas e não tornou obrigatório o treinamento de pilotos para que pudessem recuperar o controle da aeronave quando se perde a velocidade mínima.
O acidente ocorreu depois de gelo ter bloqueado as sondas que mediam a velocidade do avião, o que fez com que os pilotos não notassem a perda de velocidade quando estavam voando em meio a uma turbulência.
Em 1º de junho de 2009, o voo AF447 mergulhou no oceano Atlântico, quase quatro horas após decolar do Rio de Janeiro. Seus 216 passageiros e 12 tripulantes morreram na tragédia.
A aeronave modelo A330, que havia entrado em serviço quatro anos antes, transportava passageiros de 33 nacionalidades, entre eles 61 franceses, 58 brasileiros e 28 alemães, além de italianos (9) e espanhóis (2).
As caixas-pretas confirmaram que os pilotos, desorientados pela pane técnica que interferiu nas medições de velocidade do avião no meio da noite, não conseguiram impedir a queda da aeronave, que ocorreu em menos de cinco minutos.