Quando a “pacificação” foi implementada na política de Campos, muitos acreditaram que as sessões seriam mais tranquilas e amigáveis. No entanto, até agora, a pacificação parece estar longe de ser alcançada.
O governo vem quebrando a pacificação ao enviar projetos em caráter de urgência para a Câmara, evitando discussões em comissões, o que vem irritando a oposição, já que muitos desses projetos seriam barrados em comissões internas.
Um desses projetos que causou controvérsia foi o que transferiu a responsabilidade pela manutenção de banheiros públicos para proprietários de quiosques em praças públicas. Se o projeto tivesse seguido todos os procedimentos da Câmara, ele teria sido rejeitado pela Comissão de Constituição e Justiça por conter pontos inconstitucionais. Mas não há tempo necessário para tramitação e análise profunda do projeto. Hoje a oposição tem o domínio nas principais comissões da casa, mas sem análise, o governo faz a manobra e tem a maioria no plenário, algo que mostra que não há confiança na oposição.
Enquanto a Câmara era vista como um apêndice do CESEC durante a gestão de Rosinha e Rafael, ela se fortaleceu sob a liderança de Marquinho. Por outro lado, o governo manobra politicamente para diminuir a força da Câmara e aprovar seus projetos de qualquer maneira, repetindo os mesmos erros do primeiro biênio.
É hora de Wladimir e sua equipe abrirem os olhos. Embora a cidade esteja indo bem agora, a maré pode mudar rapidamente. Os royalties estão caindo e não há previsão de melhora. Além disso, o governo do estado em 2023 não terá tanto dinheiro quanto nos anos anteriores. A cidade tem altos gastos e vem tendo boa receita, mas isso pode levar a um caminho sem volta, como aconteceu com Rosinha em 2014, quando foi instaurada a crise do petróleo.
Se a arrecadação cair, será impossível manter o mesmo padrão de obras e investimentos que a cidade vem tendo.
O futuro parece sombrio para a cidade, e se as coisas piorarem, a última coisa que Wladimir precisará é de uma Câmara que não atenda às suas necessidades. E talvez quando buscar diálogo, pode ser tarde demais.