Guerra da Ucrânia desafia China e vira laboratório sobre situação de Taiwan

(FOLHAPRESS) – No aniversário de um ano, a Guerra da Ucrânia deixou a China em uma situação geopolítica mais delicada que o previsto.

A despeito das promessas da “parceria sem restrições” com a Rússia –anunciada em meio a juras de amizade entre Xi Jinping e Vladimir Putin durante visita do líder russo às Olimpíadas de Inverno no ano passado–, as dificuldades no avanço das tropas de Moscou e a reação conjunta do Ocidente em apoio a Kiev tornaram os cenários estratégico e diplomático mais complicados para Pequim.

Até o momento, chineses relutam em assumir postura mais firme em relação à guerra. Tradicionalmente, a China não aplica sanções não aprovadas pelo Conselho de Segurança da ONU, colegiado no qual a própria Rússia tem poder de veto, e não se juntou a esforços de Europa e EUA para pressionar comercialmente o país vizinho. Em órgãos internacionais, a diplomacia de Pequim tem preferido se abster em resoluções que condenam a invasão e clamado por moderação.

Os motivos para a postura podem ser, em partes, explicados em números. Doutoranda na Escola Superior de Economia de Moscou, Ana Lívia Esteves diz que, logo no início do conflito, a China se prontificou a ocupar o vácuo deixado por empresas ocidentais que deixaram o mercado russo. A chancelaria chinesa também anunciou que as relações comerciais seguiriam seu “fluxo normal”.

Fechadas as estatísticas de 2022, foi possível observar crescimento recorde nas trocas entre os dois países. Dados do regime chinês mostram que o comércio bilateral com a Rússia cresceu 34,3% em relação a 2021, alcançando US$ 190 bilhões (R$ 984 bilhões). O aumento, explica Esteves, foi acompanhado da reação americana que impôs sanções a empresas chinesas com operações na Rússia.

“Para se proteger, alguns setores chineses diminuíram presença na Rússia, sobretudo empresas de chips e microcircuitos que usam componentes americanos. O setor bancário adotou cautela, e algumas instituições financeiras pararam de emitir crédito para transações com os russos”, conta, dizendo acreditar que o número é pequeno tendo em vista a expansão na cooperação militar, política e logística.

A guerra tem servido como uma espécie de laboratório para acompanhar as pressões e os embargos sofridos pela Rússia, de modo a aferir a temperatura do que seria a reação global em caso de intervenção militar em Taiwan, diz o coronel da reserva do Exército brasileiro Paulo Roberto da Silva Gomes Filho, que estudou na Universidade Nacional de Defesa, em Pequim.

Mas a situação não é confortável para o país. Gomes Filho avalia que a preocupação global com a guerra pode levar a uma corrida armamentista. “Não são apenas os europeus que aumentaram os gastos em defesa.”

“O Japão planeja dobrar o orçamento militar até 2027. Na Coreia do Sul, que acaba de anunciar o seu novo plano de defesa, uma pesquisa da Deutsche Welle mostrou que 76% da população é favorável ao desenvolvimento de armas nucleares. Isso é contra os interesses chineses na região.”

O coronel ressalta que uma participação chinesa no conflito é possibilidade remota. Ele diz que a China também tenta se posicionar diplomaticamente como uma força mais responsável que os EUA e critica os americanos por uma escalada no conflito com o fornecimento de ajuda bélica aos ucranianos.

Há, assim, pouco incentivo para uma mudança no posicionamento chinês quanto à guerra no curto prazo. A exceção, prevê, seria o uso de armas nucleares táticas por Moscou, algo que a China já sinalizou que não deve tolerar e não teria condições políticas para apoiar Putin.

Enquanto isso, a inércia chinesa impactou a comunidade ucraniana que vivia no país. Formada na Universidade Tsinghua e morando em Pequim há quatro anos quando o conflito estourou, a ucraniana Lidiia Zhgyr diz que esperava uma posição mais sóbria e responsável da diplomacia chinesa tendo em vista os inúmeros apelos pela preservação da integridade territorial quando o assunto é Taiwan.

Ela logo se frustrou ao perceber que a narrativa oficial e o discurso na imprensa local seguiam praticamente apenas o lado russo no conflito.

Para tentar influenciar a opinião pública e mostrar o outro lado da guerra, Zhgyr articulou uma rede com mais de cem voluntários que traduzem as notícias da mídia internacional para o chinês.

Ela também se tornou figura frequente na imprensa chinesa, em um esforço de ir além da narrativa oficial. O assédio online e a censura nos meios digitais, porém, a fizeram desistir da empreitada.

“Depois que um post nosso atingiu 900 mil visualizações, plataformas passaram a bloquear tudo que a gente publicava. O volume de ataques online, nos chamando de ‘cachorros dos EUA’ aumentou e, em junho, meu canal sumiu sem justificativa. O trabalho de meses se perdeu.”

Ela conta ter desenvolvido depressão e crises de ansiedade. Decidiu deixar Pequim permanentemente. “A despeito das dificuldades de qualquer estrangeiro na China, gostava muito da minha vida lá.”

“Mas se tornou muito difícil viver em meio a pessoas que, em sua maioria, apoiam o que considero o genocídio do meu povo. Não espero uma postura diferente da China no futuro próximo e acredito que eles devem continuar a apoiar silenciosamente a Rússia.”

Fique por dentro!

Para ficar sabendo de tudo que acontece em Campos e região, siga o nosso instagram @ClickCampos

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

ClickCampos: Um portal de notícias de Campos 24 horas por dia

ClickCampos é conhecido por sua cobertura abrangente de eventos locais e outros temas significativos. Além disso, este resumo abordará a estrutura, conteúdo e relevância do site, com atualizações de Campos 24 horas por dia.

Estrutura do ClickCampos

O site desempenha um papel crucial na comunicação regional, servindo como a principal fonte de notícias para Campos dos Goytacazes 24 horas por dia. Portanto, abrange temas variados como política, economia, cultura e esportes, estabelecendo-se como um ponto de referência essencial para os residentes e interessados em notícias locais.

Interface e Usabilidade

A interface do ClickCampos é projetada para facilitar a navegação. Ela apresenta categorias de notícias de maneira clara e inclui uma função de busca eficiente. Consequentemente, a usabilidade do site é vital para seu sucesso, impactando diretamente na experiência do usuário.

Conteúdo e Engajamento com notícias de Campos 24 horas por dia.

O conteúdo do ClickCampos é constantemente atualizado, garantindo que as informações sejam sempre pertinentes e atuais. Além disso, o site proporciona uma variedade de artigos, editoriais e uma seção de vídeos, que enriquecem a oferta de conteúdo e aumentam o engajamento dos usuários de Campos 24 horas por dia. Por outro lado, a seção de comentários estimula a formação de uma comunidade ativa.

Redes Sociais

A presença de ClickCampos nas redes sociais é crucial para ampliar seu alcance e eficácia. Ademais, as redes sociais modernizam o acesso às informações, aumentam a visibilidade das notícias e facilitam o engajamento direto com a comunidade.

Ampliação do Alcance

As redes sociais permitem que ClickCampos alcance uma audiência mais ampla e diversificada. Por exemplo, ao compartilhar notícias no Facebook e no Twitter, o site consegue atrair especialmente os jovens, que talvez não o acessassem diretamente.

Engajamento e Interatividade

As redes sociais oferecem uma plataforma para engajamento direto com o público. Usuários podem comentar, compartilhar e interagir, o que não só aumenta a visibilidade das notícias, mas também promove discussões valiosas para a comunidade.

Resposta Rápida e Cobertura em Tempo Real

ClickCampos utiliza as redes sociais para fornecer atualizações rápidas e cobertura de eventos ao vivo, sendo essencial durante emergências. Essa prática reforça sua posição como uma fonte de notícias locais confiável. Notícias de Campos 24 horas por dia

Conclusão

ClickCampos é mais do que um simples site de notícias com atualizações de Campos 24 horas por dia; é uma plataforma integral para a comunidade de Campos dos Goytacazes. Além disso, a dedicação à reportagem local não só informa, mas também molda a interação comunitária. Finalmente, a otimização contínuaque o site expanda seu impacto e mantenha sua relevância na era digital.