A hanseníase é uma doença infecciosa crônica, transmissível, causada pela bactéria Mycobacterium leprae. Ela afeta principalmente a pele e os nervos periféricos, tendo maior prevalência em homens, na faixa etária dos 30 aos 50 anos. O diretor do Programa Municipal de Controle da Hanseníase, o dermatologista Edilbert Pellegrini, destaca a importância da suspeição diagnóstica e da educação em saúde para desmistificar a patologia, que foi estigmatizada ao longo da história, sendo crucial disseminar informações precisas para combater o preconceito e promover o tratamento adequado, que é ofertado de forma gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
O médico explica que a hanseníase tem cura e, caso o paciente não receba os cuidados quanto antes, maiores serão as chances de possíveis sequelas. Em Campos, o número de novos pacientes até maio deste ano foi de 11. Já em 2023, foram cerca de 30 pessoas que iniciaram o tratamento no programa.
Nesta semana, de 17 a 21 de junho, das 8h às 16h, o município de Campos receberá o Projeto “Roda Hans 2024 – Carreta da Saúde Hanseníase”, que consiste em diagnosticar precocemente novos casos da doença, orientar a população e capacitar profissionais da Atenção Primária para a identificação e tratamento da patologia.
A carreta ficará estacionada na Praça do Santíssimo Salvador, sendo que no dia 17 haverá uma capacitação teórica na Faculdade de Medicina de Campos (FMC) para mais de 100 profissionais locais (médicos e enfermeiros) e de municípios vizinhos. Nos dias 18 e 19 haverá atendimento e avaliação na carreta dos contatos intradomiciliares de casos confirmados e casos suspeitos da doença de todo o município, com oferta, inclusive, de teste imunocromatográfico (teste rápido) para pessoas que vivem ou viveram, nos últimos cinco anos, com portador de hanseníase. Já nos dias 20 e 21, o atendimento no veículo é para campistas e pessoas de municípios vizinhos.
“O estigma que levava à segregação e isolamento das pessoas portadoras dessa doença não é mais justificável atualmente. É importante disseminar essas informações para promover uma compreensão mais ampla sobre a hanseníase, garantindo que as pessoas afetadas recebam o apoio e tratamento adequados. Após o início do tratamento, o paciente deixa de transmitir a doença em cerca de um mês e não há justificativa para discriminação ou isolamento dos pacientes”, informou o especialista, destacando que cerca de 90% da população possui resistência natural à Mycobacterium, sendo o tratamento eficaz, reduzindo assim significativamente a transmissão da doença.
O médico explica que a forma de transmissão da patologia ocorre por meio de contato direto e prolongado. Além disso, certas pessoas podem ser mais vulneráveis devido à predisposição genética em algumas famílias e condições socioeconômicas precárias, onde há carência de nutrientes e vacinação, o que diminui a resposta imunológica no indivíduo.
“A distribuição da doença mudou ao longo do tempo, com a concentração da hanseníase em países de baixo desenvolvimento socioeconômico, como a Índia, o Brasil e a Indonésia. No entanto, é importante ressaltar que a hanseníase tem cura e o tratamento está disponível de forma gratuita na rede pública de saúde. Os sintomas incluem manchas ou áreas da pele com dormência, que podem passar despercebidas por um longo tempo, aumentando o risco de ferimentos e complicações adicionais. Dessa forma, o diagnóstico tardio pode levar ao comprometimento do sistema nervoso periférico, resultando em incapacidade física permanente, especialmente nas regiões dos olhos, mãos e pés”, pontuou o médico.
TRATAMENTO — O tratamento da hanseníase é gratuito, fornecido pelo SUS e dura, em média, de seis meses a um ano, ininterruptos. O Programa Municipal de Controle da Hanseníase realiza o atendimento no Centro de Referência Augusto Guimarães, na Estrada de Santa Rosa, no Parque Santa Clara, anexo ao Hospital Geral de Guarus (HGG) e conta com uma equipe multidisciplinar composta por médicos, enfermeiro, técnico de enfermagem, assistente social, psicólogo e fisioterapeuta. O funcionamento acontece de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h.
A Secretaria também realiza o teste imunocromatográfico (teste rápido) para pessoas que vivem ou viveram, nos últimos cinco anos, com portador de hanseníase. Para esses contactantes, o atendimento é feito nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) da Penha, Tocos e nas Unidades Básicas de Saúde da Família (UBSF) do IPS, Parque Imperial, Lagoa de Cima e Ponta da Lama. O exame para contatos visa detectar se a pessoa possui anticorpos para Mycobacterium leprae.