(FOLHAPRESS) – “Eu sou um gringo! Eu sou um gringo!”, diz Mikey Day, 44, em uma espĂ©cie de portunhol assim que o jornalista brasileiro entra na chamada de vĂdeo. “VocĂȘs estĂŁo acompanhando aĂ do Brasil as coisas que estĂŁo acontecendo aqui nos EUA? Fico muito curioso com o que o mundo pensa. VocĂȘs viram essa eleição? Devem achar que somos malucos.”
A entrevista Ă© para falar sobre o Saturday Night Live, que estreia sua 50ÂȘ temporada no sĂĄbado (28) nos Estados Unidos. No Brasil, serĂĄ possĂvel acompanhar ao vivo, no idioma original, pelo Universal+, streaming da NBCUniversal, a partir de 0h30 (horĂĄrio de BrasĂlia) do domingo (29). Com legendas, estarĂĄ disponĂvel no dia 4/10.
Day estĂĄ no programa de esquetes de humor hĂĄ mais de uma dĂ©cada. Ele começou em 2013 como roteirista e, trĂȘs anos depois, migrou para a frente das cĂąmeras. JĂĄ fez parĂłdias de personalidades como Elon Musk, David Beckham e o prĂncipe Harry. No ano passado, tambĂ©m fez uma ofegante imitação do presidente americano Joe Biden.
O humorista diz que nĂŁo ficou triste com o fato de o democrata ter desistido de tentar a reeleição -ele abriu mĂŁo da disputa e apoiou a campanha da vice, Kamala Harris-, mesmo que isso signifique que terĂĄ menos oportunidades de voltar a interpretĂĄ-lo no programa. “Ah, poxa! Poxaaa…”, exagera. “Acho que tive emoçÔes contraditĂłrias”, comenta, mais sĂ©rio.
Ele diz que entendeu a decisĂŁo de Biden, o que o fez atĂ© repensar a caricatura cansada que fez do presidente (“era uma ĂĄrea mais divertida de brincar do que quando ele estava mais energĂ©tico”, explica). “Acho que, agora, Biden talvez seja visto como um herĂłi, entĂŁo pode funcionar uma abordagem mais recolhida, sabe? Porque ele se sente um pouco mais calmo do que sob a pressĂŁo da campanha.”
Com as eleiçÔes deste ano ainda em aberto, Day diz que o programa ainda nĂŁo definiu como serĂĄ a perspectiva do programa com relação ao prĂłximo mandato presidencial, seja com Harris ou com seu opositor republicano, o ex-presidente Donald Trump. “Essa Ă© uma boa pergunta”, resume. “A gente nĂŁo necessariamente se prepara para cada um dos cenĂĄrios.”
“Definitivamente nĂŁo Ă© tipo: ‘Ok, se essa pessoa ganhar, vamos fazer assim; mas, se aquela pessoa ganhar, fazemos assado, entende? Tudo depende, vocĂȘ nunca sabe”, completa. “Acho que sĂł descobrimos de fato como vai ser quando a coisa se materializa.”
Conhecedor da expressĂŁo “Efeito SNL”, como alguns se referem ao fato de o programa ter uma forte influĂȘncia sobre o voto de seu pĂșblico no paĂs, ele lembra que o poder que eles exercem ali Ă© limitado. “Um par de eleiçÔes atrĂĄs, quando tĂnhamos a Kate McKinnon interpretando a Hillary Clinton e o Alec Baldwin fazendo o Trump, acho que nĂŁo mostramos o Trump em sua melhor forma, e ele ganhou mesmo assim”, exemplifica. “EntĂŁo o principal objetivo Ă© sempre fazer as pessoas rirem.”
O SEGREDO DO SUCESSO
Recentemente, Day viralizou ao lado de Ryan Gosling numa versĂŁo live-action da dupla de adolescentes abobalhados Beavis e Butt-Head, protagonista de uma animação adulta que fez sucesso nos anos 1990 na MTV. “Gosling Ă© um sonho, tanto na aparĂȘncia quanto na personalidade”, elogia.
O humorista diz que o astro de Hollywood embarcou imediatamente na ideia e que foi muito fĂĄcil trabalhar com ele, mas conta que a equipe do programa estĂĄ preparada para receber qualquer tipo de convidado. “Ăs vezes trabalhamos com pessoas que tĂȘm menos experiĂȘncia em atuação, como atletas e polĂticos, mas sempre adaptamos o material para destacar as qualidades deles”, revela.
“VocĂȘ nĂŁo vai escrever uma performance louca para alguĂ©m com menos recursos. Em vez disso, talvez faça um esquete em que o resto do elenco faça a maior parte das coisas e deixe o convidado brilhar no momento certo”, explica. “Sinto que estamos prontos para trabalhar com qualquer um que chegue.”
Com ou sem convidado, ele diz que Ă© difĂcil planejar o que vai acontecer em cada programa com muito tempo de antecedĂȘncia. “Se vocĂȘ começar muito antes, especialmente se for algo ligado ao ciclo de notĂcias ou a um momento especĂfico da cultura pop, atĂ© ir ao ar vai parecer velho”, afirma. “Para manter a atualidade, vocĂȘ tem que escrever na mesma semana -que Ă© como o programa sempre foi feito.”
Para ele, aliĂĄs, esse Ă© o segredo da longevidade do Saturday Night Live. “Estou tentando pensar em outros programas que jĂĄ tiveram 50 temporadas e nĂŁo consigo; sĂł se for algum telejornal ou algum matutino”, comenta.
“Muito do nosso conteĂșdo Ă© sobre o que estĂĄ acontecendo no mundo e, como isso vai mudando o tempo todo, o SNL evolui e se adapta a isso. Ă inerente ao programa acompanhar a sociedade e os tempos. Acho que essa Ă© parte da razĂŁo pela qual ele mantĂ©m sua relevĂąncia hĂĄ 50 anos”, avalia. “O SNL começou antes que a maioria das pessoas que trabalham nele tivessem nascido. Isso Ă© bem louco.
“SATURDAY NIGHT LIVE
Estreia da 50ÂȘ temporada
Quando Domingo (29) Ă 0h30, no idioma original, e sexta-feira (4/10) com legendas
Onde No serviço de streaming Universal+
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