A Justiça prorrogou nesta sexta-feira (18), a prisão de quatro investigados no caso da infecção de transplantados por HIV no Rio, após erros do laboratório PCS Saleme, contratado pela Fundação Saúde. A decisão é da 2ª Vara Criminal de Nova Iguaçu.
Foram prorrogadas as prisões de:
- Walter Vieira: sócio do PCS Lab Saleme, médico ginecologista, responsável técnico do laboratório e signatário de um dos laudos errados. Vieira também é tio do deputado federal Doutor Luizinho (PP), que foi secretário de Saúde do RJ no ano passado.
- Ivanilson Fernandes dos Santos: técnico de laboratório contratado pelo PCS para fazer análise clínica no material que chegava da Central Estadual de Transplantes.
- Jacqueline Iris Bacellar de Assis: auxiliar administrativa que trabalhava no PCS Lab Saleme e cuja assinatura aparece em um dos laudos que atestaram que os doadores de órgãos não tinham HIV.
- Cleber de Oliveira dos Santos: biólogo e, segundo o PCS, um dos técnicos responsáveis por fazer a análise clínica no material que chegava da Central Estadual de Transplantes.
Os quatro foram presos na última semana:Walter e Ivanilson foram presos na segunda-feira, em uma operação da Polícia Civil. No mesmo dia, Jacqueline se apresentou à polícia. Já Cleber de Oliveira dos Santos foi preso na quarta-feira (16), após desembarcar de um voo de João Pessoa (PB).
Na delegacia, Cleber afirmou que não era mais funcionário do PCS na época dos exames dos doadores de órgãos.
Erros em exames de crianças
O PCS Lab Saleme, apontado pela Polícia Civil como responsável pelo erro que provocou a infecção por HIV em seis pacientes após o transplante de órgãos, já emitiu dezenas de resultados com falso positivo e falso negativo para HIV, inclusive para crianças.
Essa foi a análise feita pela promotora de justiça Elisa Ramos Pittaro Neves, na representação feita pelo Ministério Público (MPRJ) e enviada à Justiça nesta quinta-feira (17).
“Insta salientar que os investigados e o respectivo laboratório PCS Lab Saleme já emitiram dezenas de resultados com falso positivo e falso negativo para HIV, inclusive em exames de crianças, respondendo a inúmeras ações indenizatórias por danos moral e material”, escreveu a promotora.
Segundo ela, a “reiteração dessa conduta demonstra total indiferença com a vida e a integridade física e psicológica de seus clientes, e da população como um todo”.
Foi o MPRJ que pediu que os quatro investigados no caso tenham a prisão temporária prorrogada.
“Apesar das investigações estarem transcorrendo de forma regular, a gravidade dos delitos, o número de vítimas e a conduta reiterada dos investigados demandam tempo para que a investigação transcorra de forma regular, permitindo a colheita de elementos que corroborem com a formação da opinio delict do Ministério Público”, dizia um trecho do documento.
*Com informações do g1