BERNADETE DRUZIAN
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) espera contar com o apoio da esquerda francesa para tirar do papel, após mais de 20 anos, o acordo do Mercosul com a União Europeia. Antes de embarcar de volta ao Brasil, neste sábado (24), Lula fez um balanço da viagem à Paris, onde participou da Cúpula do Novo Pacto Financeiro e de uma série de atividades com líderes mundiais.
Lula falou da dificuldade enfrentada pelo presidente francês, Emmanuel Macron, no Congresso para celebrar o acordo de livre comércio e afirmou que vai articular o apoio. “Se a gente puder conversar com nossos amigos mais à esquerda para que seja aprovado o acordo do Mercosul, nós vamos fazer. Pra ver se a gente consegue convencer as pessoas da importância (do acordo)”.
Para o presidente brasileiro é ‘normal’ que a França tente defender sua agricultura, mas é normal que eles também compreendam que o Brasil não pode abrir mão das compras governamentais, o que poderá zerar as possibilidades de fortalecimento da indústria nacional.
“Não é o protecionismo que vai ajudar. Quanto mais livre for o comércio entre nós, desde que cada um garanta aquilo que é considerado essencial … a gente pode não fazer acordo com eles, mas vamos melhorar outras coisas. Eu acredito na capacidade de negociação. Nós precisamos fazer o acordo com a União Europeia e a UE precisa fazer o acordo com o Mercosul”.
Lula destacou que é necessário deixar a arrogância de lado e adotar o bom senso para negociar.
Também fez duras críticas ao abandono global ao Haiti ao comentar a ausência do processo eleitoral no país, a invasão das gangues que impedem a atuação do governo, deixando o país ‘abandonado à própria sorte’.
“Eu pretendo levar essa discussão do Haiti para o G-20, pretendo levar para os Brics. Esse país paga o preço de ser o primeiro (país) a conquistar a independência, o primeiro país onde os negros se libertaram, mas o Haiti não consegue andar”.
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