BRASÍLIA, DF (UOL/FOLHAPRESS)- Isabella Marinho, 2, morreu após inalar gás do aquecedor do apartamento onde a família morava em Mafra, Portugal, no dia 24 de fevereiro. A família, que é do Distrito Federal, se mudou para o país para tentar uma vida melhor e hoje luta para trazer o corpo da filha de volta ao Brasil.
Gás para esquentar a água do banho. O pai da menina, que é marceneiro, estava no país havia dois meses, e a mãe chegou no dia 23 de fevereiro. À noite, a família usou o aquecedor a gás para esquentar a água devido ao frio. Depois de tomar banho, Isabella teve um mal-estar.
Achávamos que era por causa da duração da viagem, mas já havia monóxido de carbono no nosso corpo. Dormimos e só acordamos 16 horas depois, já passando muito mal, vomitando e com dificuldade de respirar. Mayara Taciana de Sousa Marinho, 25, mãe da Isabella e dona de casa.
Mesmo com dificuldades até para se locomover, a família conseguiu acionar o Corpo de Bombeiros. “Lembro de pouca coisa, mas sei que gemia muito de dor. Quando fui retomando a consciência, logo perguntei para o socorro sobre a minha filha. A bombeira disse que a Isabella estava há muito tempo sem respirar e em parada cardiorrespiratória. Tentaram reanimá-la, mas infelizmente não conseguiram.”
Mãe e o pai de Isabella foram levados ao hospital após o acidente. Eles ficaram internados até o dia 27 de fevereiro. O casal passou por um tratamento com oxigenoterapia, utilizando uma câmara hiperbárica, que proporciona a respiração de oxigênio puro a 100% em um ambiente com pressão 2 a 3 vezes maior que a pressão ao nível do mar. Esse tratamento é indicado para casos de infecções, cicatrização de feridas, envenenamentos e embolia pulmonar. Segundo Mayara, ela e o marido sofreram danos nos órgãos, incluindo alterações em coração, fígado, rins, pulmões e veias entupidas.
Como a gente sobreviveu não sei. Nem os médicos sabem explicar. Ainda estamos com sintomas, mas nada perto do que estamos sofrendo com a partida da nossa filha. Queríamos melhorar de vida e perdemos nosso presente. Mayara Taciana de Sousa Marinho, 25, mãe da Isabella.
‘Assassino silencioso’, o monóxido de carbono (usado em aquecedor de água a gás) é altamente tóxico. Ele se liga fortemente às moléculas de hemoglobina (componente dos glóbulos vermelhos do sangue), reduzindo assim a disponibilidade dessas moléculas para fazerem o transporte do oxigênio até os tecidos.
Intoxicação, quando leve, provoca sintomas agudos e rapidamente progressivos, como fraqueza, tontura, náuseas, dor de cabeça, confusão mental, falta de ar e, em casos graves, hipotensão, arritmias, convulsões e perda de consciência sem sinais prévios evidentes.
O QUE DIZ O ITAMARATY
Itamaraty informou ao UOL que o Ministério das Relações Exteriores, por meio do Consulado-Geral do Brasil em Lisboa, tem ciência do caso e permanece à disposição dos familiares para prestar-lhes assistência consular.
Em caso de falecimento de cidadão brasileiro no exterior, as Embaixadas e Consulados brasileiros podem prestar orientações gerais aos familiares, apoiar seus contatos com o governo local e cuidar da expedição de documentos, como o atestado consular de óbito, tão logo terminem os trâmites obrigatórios realizados pelas autoridades locais. O traslado dos restos mortais de brasileiros falecidos no exterior é decisão da família e não pode ser custeado com recursos públicos. Nota do Itamaraty
POLÍCIA INVESTIGA O CASO
Polícia foi acionada e realizou uma perícia no local. Casa onde ocorreu o acidente foi interditada. A autópsia do corpo de Isabella foi realizada no dia 28 de fevereiro e o depoimento dos pais foi colhido enquanto estavam internados no hospital.
Família ainda está sem o laudo do IML e a certidão de óbito da menina. Até o momento, não há informações sobre o andamento da investigação. A reportagem tenta contato com a polícia portuguesa, se houver resposta, o texto será atualizado.
Os últimos dias foram os piores da minha vida. Sem ela, o mundo fica cinza. Não é fácil, ela era meu mundo e eu faria de tudo para tê-la em meus braços. A ficha ainda não caiu. Acho que só vamos entender o que aconteceu quando vermos seu corpo. Mayara Taciana de Sousa Marinho, 25, mãe da Isabella e dona de casa.
FAMÍLIA PRECISA DE AJUDA
Segundo a família de Isabella, são necessários 6.000 euros para trazer o corpo da criança ao Brasil, o que equivale a cerca de R$ 36 mil.
“Agora, o que mais queremos é levar nossa filha de volta para casa, enterrá-la no Distrito Federal e dar-lhe uma despedida digna. Mas, infelizmente, não temos dinheiro. Quando viemos para cá, gastamos todo o recurso com as passagens e não tínhamos planos de voltar. Por isso, estamos contando com a ajuda de pessoas generosas, que abriram uma vaquinha para custear o translado do corpo e as passagens de volta para mim e para meu marido”, reforça a mãe da menina.
A chave pix para ajudar a família é (61) 98352-2389.