Mercúrio utilizado no garimpo causa risco ambiental para solo, água e ar

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O mesmo mercúrio usado pelo garimpo ilegal que está causando doenças entre o povo yanomami também contamina os animais, a água dos rios e igarapés, o solo da floresta e até o ar. Altamente tóxico e de difícil remoção, o metal representa um risco sanitário e ambiental. No Brasil, o seu uso é controlado pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).

Hoje, todo mercúrio que é usado em mineração é irregular, segundo um integrante da coordenação do Ibama da operação Hermes (Hg), que, no ano passado, investigou a “lavagem” do metal contrabandeado. Enquanto operações em garimpos normalmente apreendem entre cinco e dez quilos de mercúrio, a ação em parceria com a Polícia Federal confiscou 200 kg e inutilizou a autorização para o uso de outras sete toneladas de mercúrio.

Somada a uma operação de 2018, que apreendeu outros 340 kg de mercúrio e suspendeu a licença de importação de uma empresa que controlava quase todo o mercado, a circulação regular de mercúrio para garimpo no Brasil ficou totalmente paralisada.

O funcionário do Ibama, que falou em condição de anonimato por temor de represálias da parte dos criminosos, explica que não existe fonte legal para mercúrio atualmente e que nenhuma empresa tem permissão para importar mercúrio para venda no varejo, assim como nenhuma recicladora é autorizada.

Mesmo assim, o mercúrio é usado em grandes quantidades em operações ilegais de mineração, como as que são executadas nos territórios kayapó, munduruku e yanomami. Um estudo recente mostrou que o garimpo em terras indígenas na Amazônia Legal aumentou 1.217% nos últimos 35 anos.

O ouro pode ser encontrado na natureza sob duas formas: em pepitas (ou seja, pedras) e como partículas muito finas misturadas ao solo ou ao sedimento do fundo dos rios. “É nessa forma de partículas finas que se apresenta na Amazônia”, afirma a química ambiental Anne Fostier, pesquisadora do Instituto de Química da Unicamp que há três décadas estuda o ciclo do mercúrio na região.

Para encontrar o ouro é preciso cavar o solo ou sugar o sedimento do fundo dos rios, o que é feito com balsas. Essa lama é misturada ao mercúrio metálico (a mesma forma encontrada em termômetros, por exemplo), que forma uma amálgama com o ouro. Em seguida, essa amálgama é queimada. Como o mercúrio é volátil, quando é queimado ele vira um gás e sobra só o ouro.

Com o descarte da lama contaminada, o mercúrio vai parar no solo e na água dos rios e lençóis freáticos. Com a queima, polui a atmosfera.

Tanto o mercúrio que vai para o solo quanto o que vai para a atmosfera podem, em algum momento, acabar caindo no rios. Esse é o maior foco de preocupação, porque é em ambientes aquáticos que o mercúrio assume uma das suas formas mais tóxicas.

Por meio da ação de microrganismos, o mercúrio inorgânico do garimpo vai ser associado a carbono e se transformar em metilmercúrio. “Uma vez transformado em metilmercúrio, ele vai ser acumulado ao longo da cadeia alimentar”, explica Fostier. “Primeiro, ele é acumulado dentro dos organismos, em um processo chamado bioacumulação. Além disso, tem um processo chamado de biomagnificação, que resulta da acumulação ao longo da cadeia alimentar”.

Isso quer dizer que quando os animais pequenos, que têm concentrações menores do metilmercúrio, são comidos pelos maiores, fazem com que esses peixes carnívoros, que estão no topo da cadeia alimentar, acumulem esses contaminantes. “E no final da cadeia temos o ser humano, que consome os peixes –e preferencialmente os peixes carnívoros, que são mais saborosos, mas são os que contêm mais mercúrio”, diz a pesquisadora.

O problema é especialmente grave em comunidades em que os peixes são a principal fonte de proteína, como é o caso de ribeirinhos e dos indígenas da Amazônia.

“A região do rio Tapajós tem lugares, como Santarém, e Itaituba, no Pará, que são muito contaminados por mercúrio”, exemplifica Paulo Moutinho, diretor executivo interino do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia). “Essa exposição traz vários problemas de saúde. Pode atacar o sistema nervoso central e periférico, causar problemas no trato digestivo, com redução da absorção de nutrientes, e prejudica o sistema imune”.

Além disso, o vapor de mercúrio que vai para a atmosfera depois da queima pode virar um problema de longo alcance. Na forma gasosa, esse metal é muito pouco solúvel em água e não reage com quase nada. Assim, não vai ser removido pela chuva e vai ficar na atmosfera por muito tempo. Pelo ar, pode ser transportado a distâncias médias ou longas.

“Atualmente se considera que o tempo que o mercúrio pode permanecer na atmosfera varia de cinco meses a um ano. Consequentemente, ele vai contaminar outros ambientes, outros lugares diferentes daquele onde ele é emitido”, destaca a especialista.

Em operações de mineração devidamente regulamentadas, é obrigatório que sejam tomados os devidos cuidados para que essa contaminação não ocorra. Mas, na ilegalidade, não são seguidos protocolos que garantam a saúde do ambiente ou dos próprios garimpeiros, que inalam grandes quantidades desse mercúrio gasoso.

O garimpo ilegal também tem outros impactos ambientais sérios. O principal é o desmatamento, mas os rios também são prejudicados pela atividade. Atingidos pelos rejeitos da mineração, as águas turvas não conseguem absorver a luz, impactando os ecossistemas aquáticos.

Faltam dados precisos sobre o tamanho do impacto da contaminação por mercúrio pelo garimpo ilegal, mas o Ibama afirma que está implementando estudos nesse sentido.

“Está em desenvolvimento, no âmbito do Programa Mercúrio, o projeto de monitoramento de rios da Bacia Amazônica a fim de identificar os impactos da atividade de garimpo em indígenas e ribeirinhos e avaliar a qualidade ambiental dos rios tributários e principais quanto à presença de contaminantes”, informa Cinthia Masumoto, coordenadora de Registro e Informação sobre Remediação e Contaminação Ambiental do instituto.

Ainda que seja um processo lento, o envenenamento do ambiente por mercúrio é reversível, desde que a fonte de contaminação seja interrompida. “No caso dos garimpos, teria que eliminar os garimpos ilegais”, diz Fostier. “Além disso, tem a possibilidade de descontaminação de sítios específicos. Em plantas de indústrias, por exemplo, pode haver a remoção do solo contaminado. Mas isso é muito caro e dificilmente poderia ser implantado na Amazônia, justamente pelo impacto ambiental.”O projeto Planeta em Transe é apoiado pela Open Society Foundations.

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