(FOLHAPRESS) – A Mocidade Alegre, escola da zona norte paulistana, é a campeã do Carnaval de São Paulo. A agremiação, que homenageou o samurai negro Yasuke, somou 270 pontos na apuração desta terça (21), no Sambódromo do Anhembi.
Esse foi o 11º título da Mocidade, que empata com a Nenê de Vila Matilde, como segunda maior campeã de São Paulo. Vai-Vai, com 15, é a líder.
A Mocidade, que não ganhava um título desde 2015, desfilou no sábado (18), embaixo de chuva. A homenagem a Yasuke contou como ele, saído de Moçambique, tornou-se o primeiro samurai africano do Japão no século 16.
A escola ainda desejou, com o desfile, enaltecer a luta diária de jovens de comunidades pobres para vencer desigualdades.
A presidente da agremiação, Solange Cruz Bichara, tentava conter as lágrimas após a vitória. “Estava batendo na trave e agora foi”, afirmou, pouco antes de receber o troféu das mãos do prefeito Ricardo Nunes (MDB), ainda na pista do Sambódromo do Anhembi.
“Eu falei para a nossa comunidade que precisávamos entrar como campeã, passar como campeã e sair como campeã. O resto era com os jurados.” Segundo a presidente, emoção e união fizeram a diferença. Assim como a estreia do carnavalesco Jorge Silveira, responsável pela escolha do enredo, à frente da escola. “Deu super certo”, afirmou a dirigente.
Após o resultado, Bichara foi cumprimentada por Paulo Serdan, presidente da Mancha.
A escola teve a mesma quantidade de pontos, 269,9 que Império de Casa Verde e Acadêmicos do Tatuapé, todas com 269,9 pontos.
No ano passado, a Mocidade fez parte do quádruplo empate no primeiro lugar, com Mancha, Império e Tom Maior, mas a escola da torcida uniformizada do Palmeiras levou a melhor.
Agora com 11 títulos, a Mocidade é a segunda maior campeã do Carnaval, ao lado de Nenê da Vila Matilde. Vai-Vai, com 15, lidera a lista.
Durante boa parte da apuração, Mocidade e Mancha Verde figuravam entre as melhores colocadas. Foi no quesito de mestre-sala e porta-bandeira que o cenário mudou: a Mancha Verde perdeu o segundo lugar para a Acadêmicos do Tatuapé antes de se igualar em pontos ao final do desfile.
Para o desfile das campeãs, as representantes do grupo especial serão Mocidade Alegre, Mancha Verde, Império de Casa Verde, Acadêmicos do Tatuapé e Dragões da Real.
Cantando o samba-enredo campeão e debaixo de chuva, os dirigentes da Mocidade que foram acompanhar a apuração pegaram o troféu e saíram rapidamente para a festa na quadra da escola no Limão, zona norte de São Paulo.
O local foi tomado por choro e abraços com a celebração do título após o resultado. A rainha de bateria da Mocidade Alegre afirmou que, depois do ano passado, ficou com o grito de “é campeão” entalado na garganta.
“Fomos vice-campeões, tivemos a mesma pontuação, mas Carnaval é isso, ganha quem erra menos. O grito de campeão estava entalado, mas, esse ano, pode gritar com força”, disse Aline de Oliveira, rainha de bateria.
Na quadra, o ex-BBB e apresentador do Multishow, João Luiz Pedrosa, comemorava o título da escola. “Ano passado tivemos o gostinho de quase ganhar, mas neste ano conquistamos”, afirmou ele que comentou sobre o enredo da escola neste ano que homenageou a história de Yasuke, considerado o primeiro samurai negro do mundo.
“É muito importante a gente ver a presença do Yasuke, a memória do Yasuke, que inspira a pele de tantos jovens negros, que estão aqui na escola e no Brasil e que podem, de fato, ser o que quiser”, disse ele.
A Unidos de Vila Maria e a Estrela do Terceiro Milênio foram rebaixadas para o Grupo de Acesso. Cada uma delas apresentou, no total, 269,1 pontos. Última colocada, a Estrela do Terceiro Milênio chegou no ano passado ao Grupo Especial. A escola da Vila Maria, penúltima colocada, se despede do lugar que ocupava na elite desde 2015.
A escola da Vila Maria desfilou no primeiro dia da festa, de sexta para sábado. A escola fez um passeio pela sua própria história e também de sua comunidade, fundada em 1917 com forte presença portuguesa. Um dos carros exibiu uma imagem de Nossa Senhora Aparecida negra, com cerca de 8 metros de altura.
Já a Estrela do Terceiro Milênio fez um enredo com o tema “Me dê sua tristeza que eu transformo em alegria! Um tributo à arte de fazer rir”, homenageando programas de televisão e rádio, filmes, personagens e humoristas. Entre eles, Ellen Roche, o ator André Mattos e Marcelo Adnet, que desfilou no chão e foi um dos destaques da alegoria: a escola exibiu uma escultura de sua cabeça que exibia memes.
A escola, porém, acabou perdendo muitos pontos em alegoria e em casal de mestre-sala e porta-bandeira
A agremiação promete uma volta por cima. “Vamos aguardar as justificativas para entender as notas” afirmou a vice-presidente Miriangela Moura. “Nossa comunidade é guerreira”, disse, em referência à comunidade da escola no Grajaú, bairro populoso da zona sul de São Paulo.
Ao todo, 14 escolas desfilaram nos dois dias de Grupo Especial. Pela primeira vez, em dois anos, os desfiles voltaram a ser no período tradicional do Carnaval, por causa da pandemia de Covid-19. Em 2021 não ocorreram as apresentações. No ano passado, foram em abril.