SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Uma quarta girafa importada da África do Sul para o Brasil e sob os cuidados do zoológico BioParque do Rio morreu na manhã deste sábado (8).
Segunda a administradora do parque, foi identificada a presença do parasita Haemoncus sp em seis dos animais. Os veterinários então adotaram tratamento com medicamentos e isolamento dos bichos. Cinco deles apresentaram resposta positiva aos cuidados, mas uma girafa teve resistência aos remédios. Outras medidas foram adotadas, mas o estado clínico piorou de forma súbita, e o animal veio a óbito.
Uma autópsia, com acompanhamento de órgãos competentes, ainda será feita para confirmar a causa da morte, concluiu a administradora.
A girafa é uma das 18 que vieram da África do Sul ao Brasil. Todas os animais chegaram ao país em 11 de novembro de 2021. Elas ficariam de forma temporária em Portobello até serem transferidos para o BioParque, o zoológico do Rio. Pouco mais de um mês depois, em 14 de dezembro, cinco fugiram do confinamento.
Na ação para capturá-las, três girafas morreram. As mortes, porém, só foram comunicadas 50 dias depois, levantando a suspeita das autoridades.
A Polícia Federal e o Ministério Público Federal abriram inquéritos e constataram que os animais haviam sofrido maus-tratos, teriam sido retirados da vida selvagem e tiveram o processo de sua importação adulterado. Atualmente, quatro réus respondem na Justiça Federal por acusações que vão de maus-tratos a fraude de importação.
Segundo a necrópsia feita por veterinários do próprio BioParque, a morte das três girafas foi causada por uma doença muscular chamada miopatia. Na denúncia apresentada à Justiça Federal, a promotoria apontou que a mazela foi motivada por sofrimento intenso e estresse extremo.
De acordo com o Ministério Público Federal, as girafas sofreram maus-tratos até, pelo menos, maio do ano passado, quando o resort e o BioParque fizeram obras de readequação.
Segundo o Inea (Instituto Estadual do Ambiente), que acompanhou essas intervenções, as girafas vivem hoje em recintos que variam de 650 m2 a 990 m2. Separadas em cinco espaços –divididas em cinco grupos de três–, elas têm acesso livre a uma área externa, que conta com água e comida.
Em nota enviada anteriormente à Folha, o BioParque afirmou que seguiu rigorosamente as normas brasileiras e sul-africanas para trazer as girafas. A empresa também negou as acusações de que os animais tenham sido retirados da natureza.
“Documentos oficiais emitidos pelo governo da África do Sul atestam que os animais viviam em uma fazenda de manejo sustentável, aprovada pelos órgãos oficiais do país”, afirma a empresa.
Agora, com a quarta morte, ainda restam 14 girafas no parque. O Ibama, responsável por fiscalizar as girafas, diz que ainda avalia uma solução. O BioParque do Rio, que cuida dos animais, afirma que segue protocolos de segurança e procedimentos que prezam pelo bem-estar.
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