RECIFE, PE (FOLHAPRESS) – A causa do acidente do avião da Azerbaijan Airlines que deixou 38 mortos ainda é desconhecida. O presidente do Senado do Cazaquistão defendeu nesta quinta-feira (26) que as revelações que surgirem sejam públicas.
“Nenhum desses países – nem Azerbaijão, Rússia ou Cazaquistão – está interessado em esconder informações. Todas as informações serão disponibilizadas ao público”, disse Maulen Ashimbayev.
O avião de passageiros fabricado pela Embraer caiu perto da cidade de Aktau, no Cazaquistão, na quarta-feira (25), após desviar de uma área da Rússia em que o governo de Moscou recentemente se defendeu contra ataques de drones ucranianos.
Das 67 pessoas a bordo, 38 morreram, enquanto os 29 sobreviventes, dos quais 3 são crianças, recebem atendimento hospitalar.
Entre as pessoas a bordo estavam 37 cidadãos do Azerbaijão, 16 da Rússia, 6 do Cazaquistão e 3 do Quirguistão, detalhou o Ministério dos Transportes de Astana.
A aeronave, um Embraer 190, tinha partido de Baku, a capital do Azerbaijão, e se dirigia a Grozni, capital da república da Tchetchênia, na Rússia.
Um vídeo compartilhado nas redes sociais mostra o avião pegando fogo e, em seguida, uma espessa fumaça preta subindo. Passageiros ensanguentados e machucados podem ser vistos cambaleando em um pedaço da fuselagem que permaneceu intacto.
Outras imagens mostram a aeronave no chão, parcialmente queimada, com a parte frontal totalmente destruída. Após o impacto, o avião pegou fogo, e 150 equipes de resgate foram enviadas ao local, segundo o Ministério de Situações de Emergência do Cazaquistão.
A Azerbaijan Airlines confirmou que o avião Embraer 190, cujo voo tinha o número de J2-8243, foi forçado a fazer um pouso de emergência a 3 km quilômetros de Aktau, cidade que fica na margem oposta do mar Cáspio em relação ao Azerbaijão e à Rússia.
A aeronave ficou por horas desaparecida em sites de rastreamento. Depois, porém, ficou claro que ela voou centenas de quilômetros fora de sua rota programada antes de cair na margem oposta à do seu destino.
Autoridades não explicaram por que o veículo atravessou o mar, e versões sobre o motivo da queda se contradizem. A princípio, sugeriu-se que o avião tinha sido atingido por um bando de pássaros. Depois, porém, a empresa aérea do Azerbaijão, uma das que tinha atribuído o incidente à colisão com as aves, suprimiu a informação, e o departamento regional do Ministério da Saúde do Cazaquistão informou em comunicado que “um balão” tinha explodido a bordo da aeronave, sem dar mais detalhes.
Somando-se à confusão, o presidente azeri, Ilham Aliyev, disse que, de acordo com as informações que recebeu, o avião mudou de rota devido ao mau tempo. Ele estava na Rússia no momento da queda devido à sua participação em uma cúpula nesta quarta, mas decidiu retornar ao tomar conhecimento do incidente. “Esta é uma grande tragédia que se tornou uma tremenda tristeza para o povo do Azerbaijão”, afirmou em uma declaração em que prometeu uma investigação do caso.
Circula ainda uma outra teoria, de que o avião pode ser tido atingido pela defesa antiaérea de Moscou. A queda ocorreu pouco depois de drones ucranianos atingirem o sul da Rússia, e mais ou menos no mesmo horário, o aeroporto de Makhachkala, terminal russo mais próximo de onde o sinal do voo desapareceu, ficou fechado ao tráfego aéreo, disse um funcionário do local à agência Reuters -possivelmente em razão do ataque.
O Cazaquistão denunciou “especulações” sobre o acidente, para o qual não há nenhuma hipótese oficial. “Devemos esperar o final da investigação”, disse o porta-voz do Kremlin, sede do governo russo, Dmitri Peskov.
Em nota, a Embraer lamentou o episódio. “Nossos pensamentos e sinceras condolências vão para as famílias, amigos, colegas e entes queridos afetados pelo ocorrido. Estamos acompanhando de perto a situação e continuamos totalmente empenhados em apoiar as autoridades competentes”, disse.
Técnicos do Ministério de Transportes do Cazaquistão, uma delegação da agência de aviação civil do Azerbaijão e representantes da Azerbaijan Airlines participam da investigação.
O fato de o avião ter produção brasileira a princípio permite que o país participe das investigações por meio do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), da FAB (Força Aérea Brasileira).
A FAB, no entanto, afirmou em nota apenas que mantém contato com as autoridades locais para prestar eventual auxílio nas investigações.
“De acordo com os protocolos estabelecidos no Anexo 13 à Convenção sobre Aviação Civil Internacional de 1944, cabe ao país em cujo território se deu um acidente aeronáutico instituir uma investigação sobre as circunstâncias da ocorrência, sendo, também, o responsável pela condução da investigação”, disse a Força Aérea, em nota, ressaltando que, em um primeiro momento, cabe ao Cazaquistão iniciar a apuração.
“O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, órgão brasileiro de investigação de acidentes aeronáuticos e representante acreditado do país de projeto e fabricação das aeronaves produzidas pela Embraer, está em contato com a agência cazaque para a prestação de um eventual suporte técnico que aquela autoridade julgue necessário.”
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