SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um dos nomes mais importantes para a TV brasileira, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, diz que sua saída da TV Globo não foi como ele imaginava. Em entrevista à Folha, o ex-diretor da emissora afirma que a saída se deu de comum acordo, mas a empresa fez parecer que ele estava sendo demitido.
Boni foi afastado do poder na Globo em novembro de 1997, após 31 anos no canal. “Eu saí de lá como se eu tivesse feito alguma coisa errada. Não fiz nada errado. A lucratividade estava no auge, a audiência estava no auge, estava tudo no auge”, diz, acrescentando que gostaria de ter sido tratado com mais respeito.
“Imaginava que eu fosse sair com algum carinho, mas não recebi nenhum tipo de agradecimento, algo que Walter Clark, que saiu de lá brigado, recebeu”, diz Boni, referindo-se ao executivo da Globo que criou o Jornal Nacional. “Eu saí como se tivesse sido mandado embora, apesar de termos acertado isso de modo amigável. Não recebi o carinho que eu acho que merecia.”
A saída da emissora é um dos episódios que ele narra no recém-lançado “O Lado B de Boni”, livro de memórias que apresenta uma versão final sobre o que ele viveu ao longo de mais de 70 anos de carreira.
“Depois de 31 anos de trabalho para construir a TV Globo, fui barrado no baile. Ou melhor: fui expulso da sala”, escreve o executivo.
Essa é a terceira obra que ele lança. Em 2015, publicou “Unidos do Outro Mundo” e, em 2011, lançou “O Livro do Boni”, em que já tecia críticas à forma como Roberto Irineu Marinho, filho de Roberto Marinho, conduziu a sua saída.
“Combinamos que trocaríamos cartas civilizadas e, no dia seguinte, fui surpreendido com uma matéria vil e infame no Globo sem a menor consideração pela contribuição que dei à empresa.”