CARACAS, VENEZUELA (FOLHAPRESS) – A menos de três dias de eleições presidenciais, o nome da oposição na Venezuela, Edmundo González, pediu que os militares ajudem a assegurar um processo democrático e confirmou que seu plano de governo só seria apresentado pós-votação, algo atípico.
“Confiamos que nossas Forças Armadas façam a vontade do nosso povo ser respeitada”, disse ele logo no início de seu discurso a jornalistas internacionais durante encontro na capital Caracas.
A frase chama a atenção em especial num país como a Venezuela, onde a era chavista, nos últimos 25 anos, pregou uma “união cívico-radical”.
O candidato estava acompanhado de María Corina Machado, a líder opositora que foi inabilitada para concorrer a cargos públicos mas mobiliza multidões pelo país. Questionada sobre a possibilidade de privatização da PDVSA, a gigante de petróleo venezuelana reestatizada ainda antes do período chavista, indicou que esse é o plano.
Ainda assim, não esclareceu em qual modelo se daria. “Para que a Venezuela possa aproveitar seu potencial energético, necessitamos investimentos gigantes. Ninguém se nega à abertura e à chagada de investimentos privados”, disse a ex-deputada nacional.
González até o momento não apresentou seu plano de governo, algo atípico para um processo eleitoral que em poucos dias se finaliza. Por ora, então, todos se baseiam no antigo plano de María Corina, que diz expressamente que quase todo o serviço público seria privatizado.
Em resposta a pergunta da reportagem, a dupla também disse lamentar que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) do Brasil tenha desistido de enviar seus dois observadores após, sem provas, Maduro afirmar em comício que as eleições brasileiras não são auditadas.
González disse que isso é um “mau sinal”. Pouco depois, sem mencionar o Brasil ou qualquer outro país, María Corina disse que governos que antes tiveram afinidade com Maduro, “por diversas razões, hoje estão exigindo que neste processo se contem os votos”.
“Vamos defender os resultados que saiam das atas eleitorais”, disseram os opositores em resposta às afirmações do regime de Maduro de que a oposição planeja não reconhecer o resultado das urnas. González e Maria Corina afirmam que o Conselho Nacional Eleitoral, autoridade do setor na Venezuela, está sob comando dos chavistas.