Erina dos Santos, de 36 anos, morreu no domingo (21), enquanto aguardava por uma cirurgia pela rede pública do estado de São Paulo. Ela foi diagnosticada com um aneurisma cerebral no início deste mês e precisava de uma cirurgia de urgência.
A família entrou na Justiça pela cirurgia e conseguiram uma liminar para que fosse realizada com urgência na última sexta-feira (19), no entanto, o hospital afirmou que só conseguiria realizar o procedimento na segunda-feira (22).
“A liminar foi definida na noite de sexta e não tinha nenhum responsável por receber e liminar e a família foi informada que o protocolo deveria ocorrer apenas na segunda-feira”, segundo Maicon Pereira, advogado da família.
Erina morreu enquanto esperava. Ela foi enterrada no cemitério Jardim São Luiz, na Zona Sul da capital, nesta terça.
Erina estava com casamento marcado. No dia 6 de julho, ela sentiu fortes dores de cabeça e procurou a UBS Varginha – onde teve o diagnóstico de enxaqueca.
Como a dor não passava, por volta de 19h do mesmo dia, procurou outro hospital público e foi para o pronto-socorro Balneário São José. Cinco horas após o atendimento, foi transferida para o Hospital de Parelheiros, onde foi identificado o aneurisma.
Em Parelheiros, os médicos realizaram uma cirurgia de emergência na paciente. Após o procedimento, ela foi transferida para o Hospital do Campo Limpo para realizar exames. No dia 7 de julho, ela passou por um angiotomografia – um exame de imagem para a avaliação dos vasos sanguíneos.
No exame, foi identificado que Erina precisaria passar por uma outra cirurgia de emergência. O Hospital das Clínicas era a única unidade que poderia realizar o procedimento.
Erina foi entubada e sedada enquanto esperava por uma vaga de transferência pelo sistema Cross. No dia 11 de julho um relatório médico atestava que a paciente estava com “quadro clínico em gravíssimo estado geral” e que “equipe de neurocirurgia tenta transferência”. Erina esperou 14 dias pelo procedimento.
Julio Cesar Guia Pereira, coordenador da Neurologia do Hospital Municipal do Campo Limpo, onde Erina morreu, disse que ela já chegou no local em estado grave e eles fizeram o possível para conseguir a transferência.
“A gente faz o diagnóstico que ela teve esse aneurisma e prontamente percebemos que precisava usar os serviços de regulação. Demos todo o suporte do nosso hospital. A gente entende que todo o sistema está sobrecarregado e precisa que esses pacientes tenham a capacidade de ser transferido, então damos o suporte para esses doentes e aguarda essa definição via essa central de regulação”, afirma.
O governo do estado disse que a ficha da Erina entrou no sistema da cross dia 8 de julho, no dia 9 a Cross pediu mais informações para o hospital, mas não recebeu nenhuma atualização. A Prefeitura da capital informou que todas as solicitações da Cross foram respondidas pelo Hospital do Campo Limpo.