Nesta sexta-feira (8), o delegado Carlos Augusto Guimarães, titular da 146ª Delegacia Policial de Guarus, Campos, anunciou o encerramento das investigações do “Caso Eliana” em uma coletiva de imprensa na 6ª Região Integrada de Segurança Pública. O caso envolve o atropelamento de Eliana, que resultou em sua morte, cometido pelo próprio filho, Carlos Eduardo Aquino, de 32 anos, conhecido como “Cadu,” que agora deixa de ser investigado e se torna réu.
Segundo o delegado, o inquérito conclui que o atropelamento foi intencional e se enquadra como feminicídio, destacando um histórico de agressões de Carlos Eduardo contra a mãe e seu envolvimento com drogas. Carlos Augusto explicou que “Cadu” acelerou o carro ao identificar a mãe na via. “Quando ele faz a curva na Ponte da Lapa, está em velocidade normal, mas ao ver a mãe, acelera. Isso reforça nossa tese de feminicídio”, afirmou. No entanto, o delegado esclareceu que o encontro entre mãe e filho na via foi um acaso, sem planejamento prévio, e que Eliana estava a caminho de se encontrar com o marido, já que Carlos Eduardo estava proibido de utilizar veículos devido ao seu comportamento problemático.
Outro ponto crucial foi a participação da irmã de Carlos Eduardo, que desempenhou papel fundamental nas investigações. Além de relatar que também já havia sido agredida pelo irmão, ela apresentou vídeos que mostram “Cadu” ameaçando e agredindo a mãe, e esses vídeos foram divulgados pela Polícia Civil como parte das evidências do caso. As gravações foram feitas na presença de uma funcionária da casa, que também confirmou as agressões. A irmã ainda afirmou que deixou Campos por não suportar as agressões e o comportamento abusivo do irmão. O pai, muito abalado emocionalmente, não foi ouvido no inquérito por não apresentar condições de dar um depoimento coerente.
O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro denunciou Carlos Eduardo por feminicídio e crime de trânsito. Após o atropelamento da mãe, ele ainda colidiu com um outro veículo que transportava cinco pessoas, das quais uma continua internada. O delegado indicou que, se o processo avançar como previsto, Carlos Eduardo deverá ser julgado por um júri popular em breve.
A coletiva também abordou uma polêmica sobre a defesa de “Cadu”. O advogado Márcio Marques, que representou o réu até a audiência de custódia, negou que tenha sido contratado pelo pai de Carlos Eduardo, afirmando que a contratação foi financiada por uma vaquinha entre amigos do acusado. O delegado Carlos Augusto disse não ter detalhes sobre essa contratação, mas endossou a explicação dada pelo advogado.
A Polícia Civil listou seis pontos fundamentais que sustentam a tese de dolo no caso. Apesar de o episódio inicialmente parecer um acidente, a investigação apontou elementos claros de intenção criminosa, entre os quais:
1. Comportamento no Uso do Veículo: Carlos Eduardo estava em velocidade normal até avistar a mãe na via, momento em que acelerou deliberadamente, reforçando a tese de feminicídio.
2. Tentativa de Fuga: Após a colisão, Carlos Eduardo tentou fugir do local, comportamento que reforça a consciência de que sua ação era criminosa.
3. Frieza Diante da Morte: Testemunhas afirmaram que Carlos Eduardo demonstrou completa frieza ao ver sua mãe sem vida, sem exibir qualquer emoção ou arrependimento.
4. Visibilidade do Local e da Vítima: A via era bem iluminada, e a bicicleta amarela de Eliana estava visível, indicando que Carlos tinha plena ciência de sua presença antes de acelerar.
5. Histórico de Agressões e Abusos: O caso inclui registros anteriores de agressões físicas e verbais de Carlos contra a mãe. A irmã do réu relatou episódios de violência frequente, e os vídeos das agressões foram apresentados como provas.
6. Depoimentos de Testemunhas: A irmã de Carlos forneceu depoimentos detalhados e provas visuais das agressões contra a mãe, além de relatar o comportamento violento e abusivo do réu.
Esses elementos, somados, levaram a polícia a concluir que a ação de Carlos Eduardo foi intencional, e ele agora responderá por feminicídio em júri popular.