A Polícia Civil já identificou 99 criminosos neutralizados durante a Operação Contenção, deflagrada na última terça-feira (28/10), nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio. O resultado foi divulgado em entrevista coletiva, nesta sexta-feira (31/10). Do total, 42 possuíam mandados de prisão pendentes e pelo menos 78 apresentavam extenso histórico criminal — número que ainda pode aumentar à medida que chegam informações de outros estados.
“Tendo em vista estes resultados, a gente vê que o trabalho de investigação e inteligência foi adequado, todos perigosos e com ficha criminal. Também, pela identificação das origens desses narcoterroristas, reforço a importância da integração com os estados. Em breve, vamos entregar os relatórios completos para as autoridades competentes”, disse Claudio Castro.
O resultado é fruto de um trabalho ininterrupto de investigação e identificação conduzido pela área de inteligência da Polícia Civil, com o apoio de órgãos técnicos e periciais. Até o momento, foi possível constatar que parte dos identificados é oriunda de outros estados: 13 do Pará, sete do Amazonas, seis da Bahia, quatro do Ceará, um da Paraíba, quatro de Goiás, um do Mato Grosso e três do Espírito Santo.
“Esse foi um trabalho muito intenso, fizemos uma força-tarefa para reunir as evidências. Estou aqui para mostrar a integração entre as forças policiais, que foi tão importante para que a operação fosse bem-sucedida”, disse o secretário de Segurança Pública, Victor dos Santos.
Os dados evidenciam que o Rio de Janeiro abrigava lideranças criminosas de quatro das cinco regiões do país, demonstrando o alcance nacional da atuação do Comando Vermelho. Pelo menos um terço dos presos na operação também é proveniente de fora do estado.
As informações preliminares apontam que os complexos do Alemão e da Penha funcionavam como centros de comando, tomada de decisão e treinamento tático da facção narcoterrorista. As evidências indicam que integrantes recebiam instruções em armamento, tiro, uso de explosivos e táticas de combate nessas localidades.
“Esse foi um trabalho muito expressivos das nossas equipes, que conseguiram em curto espaço de tempo periciar todos os corpos, identificar 99 narcoterroristas e levantar os históricos criminais. A investigação prossegue para mostrar quem são esses bandidos”, comentou o secretário de Polícia Civil, delegado Felipe Curi.
O levantamento também revela que o fluxo de caixa da facção nessas áreas movimentava cerca de 10 toneladas de drogas por mês. Tanto o Alemão quanto a Penha serviam como polos de abastecimento, distribuindo drogas e armas para outras comunidades controladas pelo grupo criminoso. A investigação mostra ainda que cerca de 50 fuzis eram negociados mensalmente a partir dessas regiões.
As apurações indicam que pelo menos 24 comunidades do Rio de Janeiro — entre elas o Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, a Rocinha, o Complexo da Maré, o Jacarezinho e o Complexo do Lins — são diretamente abastecidas por esses fluxos ilícitos.
A Polícia Civil está finalizando um documento de inteligência com centenas de páginas, que reúne a qualificação dos criminosos mortos e uma análise detalhada sobre o papel estratégico dos complexos da Penha e do Alemão dentro da estrutura da organização criminosa. As informações já consolidadas reforçam a importância estratégica da Operação Contenção, que atingiu o principal centro de decisões da facção criminosa no país. A Polícia Civil segue com as investigações para identificar outros integrantes e ramificações da organização.
Ao todo, 117 criminosos foram mortos na operação. Todos os corpos já foram periciados, em esquema especial que reuniu a Polícia Civil e o Ministério Público, e 89 foram liberados para retirada pelos familiares. As diligências seguem para identificar os restantes.
“A Operação Contenção, ela é uma operação, uma política pública do Governo do Estado, integrada com a Polícia Civil, com a Polícia Militar. Essa ação foi mais de uma fase. Anteriormente, nós prendemos, ex-policiais que davam treinamento para traficantes, inclusive da Penha, apreendemos mais de 200 armas, a maioria de fuzis, e não foi em comunidade. Foram armas apreendidas, em mansões na Barra da Tijuca e no Estado de São Paulo. Fizemos outra ofensiva onde nós conseguimos um bloqueio de R$ 6 bilhões do Comando Vermelho. Então, é um trabalho feito em várias fases. A Operação Contenção não se resume a essa operação, mas a uma série de outras ações que nós estamos fazendo no combate a essa ação expansionista da facção criminosa Comando Vermelho”, esclareceu o secretário Felipe Curi.


 
                                    