A Polícia Civil iniciou, nesta quinta-feira (12), uma operação em Itaperuna para investigar um grupo de estelionatários que se passava pelo técnico da seleção brasileira, Dorival Júnior, e outros ex-atletas, em um aplicativo de mensagem para dar golpes em jogadores de futebol.
Segundo a polícia, os golpistas usavam a tecnologia para burlar áudios com a voz de pessoas ligadas ao meio de futebol e pedir dinheiro para projetos sociais e em prol das vítimas das enchentes no Sul.
A Operação Mascarado cumpre 3 mandados de busca e apreensão em 7 endereços na cidade do Norte Fluminense.
O chefe da quadrilha, segundo a polícia, é Lucas de Oliveira Eduardo, que já foi investigado por estelionato. Natural de Minas Gerais, ele mora em Itaperuna e foi preso em flagrante, nesta manhã, por tentativa de fraude eletrônica. A pena é de 5 anos sem fiança.
“As buscas realizadas hoje visam apreender materiais em seu poder e na casa de outras pessoas investigadas, com o intuito de esclarecer todos os detalhes deste esquema criminoso”, diz a nota da polícia.
A polícia investiga como os áudios do técnico foram criados. Há suspeitas que os investigados possam ter editado entrevistas ou usado Inteligência Artificial (IA) para simular a voz de Dorival.
O técnico descobriu o golpe depois que jogadores que fizeram transferências entraram em contato com ele.
Ricardo Monteiro, advogado de Dorival e membro da Comissão de Defesa do Consumidor da OAB/RJ, diz que os golpes virtuais estão cada vez mais sofisticados, com o uso de IA. Ele alerta que é importante ter cuidado.
“Se você recebeu algum pedido de Pix, transferência, transação, doação pelo WhatsApp ou pela internet, procure se certificar, tome uma série de cuidados para não cair em golpes. E se você caiu em algum golpe, procure uma delegacia de polícia para fazer o registro e a devida apuração”.
A quadrilha age desde 2022 e, além de Dorival, já se passou também pelo ex-jogador Elias Mendes Trindades.
Segundo a investigação, os bandidos usaram uma foto do ex-atleta num perfil falso no WhatsApp para pedir a outros jogadores, ex-jogadores e técnicos uma doação para ajudar a salvar uma criança que tinha uma doença rara.
Após o golpe, a quadrilha ainda pedia que a vítima gravasse um vídeo encorajando outras pessoas a fazerem doações.
Ao menos dois jogadores foram enganados e fizeram transferências para os golpistas, entre eles, Oscar, que já jogou na seleção brasileira. Pelas contas deles, os policiais conseguiram chegar à quadrilha.
A Operação Mascarado tem a participação de agentes da 19ª DP (Tijuca), do Departamento-Geral de Polícia da Capital (DGPC), da 143ª DP (Itaperuna) e do Departamento-Geral de Polícia do Interior (DGPI).