SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O principal líder da campanha que resultou na saída do Reino Unido da União Europeia em 2020 anunciou nesta segunda-feira (3) que vai concorrer a uma vaga no Parlamento britânico nas eleições gerais marcadas para 4 de julho, ameaçando dividir o voto da direita e piorar ainda mais o resultado eleitoral do partido do premiê Rishi Sunak.
Nigel Farage, 60, havia dito anteriormente que não concorreria, uma vez que estaria focado em fazer campanha para Donald Trump nos EUA. Entretanto, o apresentador de televisão recuou, dizendo que se sentiu culpado de “não lutar pelas pessoas desiludidas com a política” que sempre o apoiaram.
Farage vai liderar o partido de direita Reform UK, que tem marcado por volta de 10% nas pesquisas eleitorais, de acordo com a BBC. O anúncio de que ele será o candidato da sigla pode prejudicar o Partido Conservador, que tem cerca de 24% do voto –muito atrás do Partido Trabalhista, que marca 45% e deve levar as eleições em uma vitória histórica.
“Seremos a voz da oposição. Eu consegui surpreender todo mundo no passado, e farei o mesmo de novo”, anunciou Farage em uma entrevista coletiva. Ele disse que “nada nesse país funciona mais”, do sistema de saúde às rodovias.
O político afirmou que a vitória da esquerda já é certa, mas que vai trabalhar para que seu partido seja a principal força da oposição –um resultado improvável, uma vez que, mesmo com 10% dos eleitores votando no partido a nível nacional, ele não deve conquistar muitos assentos no Parlamento, graças ao sistema distrital do Reino Unido.
Farage, por exemplo, nunca foi eleito ao Legislativo de seu país. Apesar disso, desempenhou um papel crucial como principal defensor do brexit e é reconhecido como um dos responsáveis pela vitória desse campo no referendo de 2016. Desde então, se manteve ativo na política pressionando diferentes governos a conduzir um brexit mais radical e com menos concessões à União Europeia.
O líder de direita também é conhecido por comentários considerados xenofóbicos, como quando disse que muçulmanos não seguem os valores do Reino Unido, que ele se sente desconfortável ao ouvir línguas estrangeiras no transporte público –e que teria problemas com ser vizinho de imigrantes romenos.
O anúncio dessa segunda é má notícia para Sunak, que convocou eleições com menos de dois meses de antecedência na esperança de evitar o fiasco eleitoral que as pesquisas apontam que o Partido Conservador deve sofrer.
Sunak fez promessas para tentar recuperar o voto mais à direita, como cortar impostos de aposentados, instituir de novo o serviço militar obrigatório e, principalmente, combater a imigração ilegal. Na segunda, ele disse que quem votar no partido de Farage estaria ajudando os trabalhistas.