Um aluno e um professor da Escola Estadual Maria Emília Amaral do Fontoura, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, contam que sofreram assédio moral e perseguição depois de denunciarem um caso de intolerância religiosa na escola.
O jovem Kauã Oliveira afirma que o vigia do local disse que candomblé “não era de Deus” e que “faz o mal” durante uma conversa sobre o estado de saúde do professor de biologia Antony Duarte, que tinha tido um mal súbito horas antes, em outubro do ano passado.
O estudante é filho de santo de Antony e contou a ele a situação.
“Eu me senti muito afetado porque como professor sou formador de opinião e a gente tem que utilizar o espaço como um ambiente laico, onde deve ser respeitado o credo de cada um”, afirma o professor.
À polícia, o professor disse que procurou a direção da escola e, no dia seguinte, o vigia o procurou para dizer que a história estava distorcida.
No depoimento, o professor conta ainda que o diretor não concorda com a atitude do vigia, mas classificou a situação como “um comentário desnecessário, que roupa suja se lava em casa”.
O professor formalizou a denúncia à direção e à Secretaria Estadual de Educação. Mas, o professor foi pego de surpresa por uma suspensão preventiva de 30 dias no mês passado. Já o estudante não consegue assistir aulas há um mês e faz acompanhamento psicológico.
“Não sinto vontade de vir para a escola nem desejo de terminar o estudo por causa dessa situação. De vítima eu passei a ser algoz. Não posso ir para outra sala, ele está sempre atrás de mim e tentou me prejudicar dentro do ambiente escolar”, desabafa Kauã.
Procurada, a Secretaria Estadual de Educação disse que repudia qualquer forma de preconceito e discriminação e que abriu uma sindicância para esclarecer o caso.
Sobre o afastamento do professor, a pasta diz que é para resguardar a integridade dele durante o processo. A secretaria completa dizendo que tem iniciativas para conscientizar alunos e servidores sobre a importância da liberdade de crença.
Fonte: G1