O professor de música Thiago Martins Maranhão, de 41 anos — que foi filmado, em julho, junto da argentina Carolina de Palma imitando macacos durante uma roda de samba no Centro do Rio de Janeiro —, afirmou em depoimento à polícia que imitou esse e outros animais “durante uma dança criativa”.
Ele descreveu que ele e Carolina “imitaram vários bichos, entre eles, caranguejo, pássaros, elefante e macaco, além de uma árvore”. Carolina também deu um argumento semelhante através da sua defesa. Os advogados disseram que a dança realizada por ela “não tinha sentido discriminatório, tendo sido inclusive imitado movimentos de outros animais durante a dança, tais como pássaros e caranguejos”.
A justificativa de Thiago consta no depoimento do homem, dado no último dia 2 de agosto, à 2ª Delegacia de Repressão aos Crimes Raciais, contra Diversidade Sexual e de Gênero e outros Delitos de Intolerância (Decradi) em São Paulo, no inquérito da Polícia Civil do RJ que apura racismo.
Na declaração, obtida pelo g1, Maranhão afirmou que conhecia Carolina de Palma desde 2023, quando ambos fizeram um curso de música e movimento em São Francisco, na Califórnia.
Ele afirmou que, no dia 19 de julho, saiu de São Paulo e foi ao Rio para encontrar amigos, que participavam do Fórum Latino-americano de Educação Musical (Fladem). Eles teriam combinado de encontrá-lo na roda de samba Pede Teresa, por volta das 22h30.
Lá, Thiago disse que encontrou 4 professores, incluindo Carolina. Ele relatou que junto da argentina, “começou a realizar as danças criativas desse curso, do começo ao fim do evento, as quais consistiam em um imitar o outro, explorar danças juntos, além de danças folclóricas”.
Thiago afirmou que “durante a dança criativa, imitaram vários bichos, e que não foram interrompidos ou abordados por ninguém durante todas as danças”.
Segundo o professor, eles só pararam de dançar por volta das 2h [do sábado, 20 de julho], quando “perceberam que o celular de uma amiga havia sido furtado da bolsa”. Em seguida, após falarem com os seguranças, foram embora. Thiago afirmou que na manhã do sábado entrou no perfil da roda de samba e “viu o vídeo recortado, que apenas mostrava o momento em que imitavam um macaco e uma árvore”.
O homem relatou ainda que o vídeo era “um trecho recortado, fora do contexto” e que, se estivesse dançando de forma preconceituosa, “certamente seria interpelado por alguém”.
Em sua defesa, Thiago Maranhão afirmou que “sempre utilizou a diversidade cultural do nosso país como tema para danças” e que “não agiu com nenhuma intenção de inferiorizar a cultura das pessoas presentes”.
Ainda de acordo com Thiago, a jornalista Jackeline Oliveira — que fez as imagens — agiu de “forma leviana e mentirosa, como se fosse um ato de racismo, tão somente divulgou imagens de uma mínima dança”.
Argentina ainda não prestou depoimento presencial
Mais de um mês da divulgação do caso, a argentina Carolina de Palma não prestou depoimento presencial. A mulher, que mora em Buenos Aires, constituiu um advogado brasileiro, que informou à Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) do RJ que ela escreverá uma carta, contando sua versão dos fatos, e que será incluída no inquérito por petição.
Fonte: G1