Saiba o que fazer em caso de tempestade, enchente e alagamento

(FOLHAPRESS) – O verão brasileiro é marcado pelas pancadas de chuva forte e volumosa. Como consequência, aumentam os episódios de enchentes, alagamentos, deslizamentos de terra, além do risco de contrair doenças transmitidas pelo contato com água contaminada.

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Alguns cuidados podem ser tomados pela população para se proteger.

A primeira dica é acompanhar a previsão do tempo e se preparar.

Verifique se há pontos de infiltração de água nas ruas e nos terrenos, além de postes e muros inclinados, o que pode ser sinal da ocorrência de algum fenômeno, em caso de chuva forte. É o que orienta Joel Malta de Sá, coordenador municipal da Defesa Civil de São Paulo.

“Quando há infiltração na via pública, o asfalto começa a inchar e é um indício de solapamento. São sinais possíveis de verificarmos e acionarmos a subprefeitura, mas é importante que a população nos ajude. Ao notar qualquer tipo de anomalia nos muros, nas árvores e no asfalto, avise a prefeitura.”

Observe também se há muros embarrigados, com rachaduras e trincas nas paredes. Perto de encostas, preste atenção se tem água barrenta ou avermelhada descendo por elas. Se necessário, procure um lugar seguro e acione a Defesa Civil.

Não desmate a encosta e nem tire terra. Para conservar o local, plante grama e capim. Árvores pesadas não seguram a água e aceleram o deslizamento.
Instale canaletas para o escoamento da água de pias e chuveiros.

“Se morar em área de risco para alagamento e verificar a iminência da água entrar no imóvel, suba os móveis para a parte mais alta da casa e evite o contato direto com a água. Não se esqueça de desligar os aparelhos elétricos e eletrônicos, bem como a chave geral da casa; feche o registro de água e de gás; tome cuidado com os documentos para não molhá-los ou perdê-los. Procure um local adequado”, afirma Sá.

Segundo orientação do Corpo de Bombeiros de São Paulo, não permita que as crianças brinquem nos córregos e nas enxurradas para que não sejam levadas pela água.

Ande pela enchente somente para sair do local de risco, pelo lado oposto aos postes de energia e perto dos muros. Evite caminhar pelas ruas e perto das sarjetas para não cair em bueiros abertos.

Se estiver de carro, fuja de áreas alagadas e busque o caminho mais seguro. Caso a água comece a tomar a rua e for possível sair do veículo em segurança, abandone-o e abrigue-se em locais altos. Sempre mantenha a calma.

Se houver água na pista, reduza a velocidade. Na chuva, a distância de segurança entre os carros deve ser maior, até porque as vias ficam escorregadias.

Outro cuidado é com o lixo. Coloque-o próximo ao horário de recolhimento. “Às vezes, a pessoa sai de manhã para trabalhar, coloca o lixo na calçada. Com a chuva, a enxurrada leva e entope os bueiros. Os cuidados não são só para quem reside em áreas de risco, porque todo local está sujeito a chuva fora do normal e a alagamentos”, explica Sá.

Caso a chuva venha acompanhada por ventos fortes, cuidado com as quedas de árvores, fios, postes e semáforos.

O telefone da Defesa Civil é o 199. Algumas cidades têm outra central telefônica, a exemplo do 156 da prefeitura paulistana, que direciona a chamada ao órgão competente.
A Defesa Civil tem, entre suas atribuições, identificar e mapear as áreas de risco –na capital paulista, há 505. Portanto, ela deve ser acionada para esses locais.

Doenças transmitidas pela água contaminada As principais são as diarreicas, a hepatite A e a leptospirose, que pode levar à morte.

“Não é a água de chuva em si, mas a associada à contaminação após o contato com o solo, dependendo da localização. Toda doença infecciosa depende de como foi a exposição à carga de bactéria que existe naquele ambiente.

Se foi uma exposição protegida ou direta da pele com a água, o tempo de contato, se havia ou não lesão na pele. Tudo isso pode interferir para a ocorrência de transmissão de doença e a leptospirose é a que mais nos preocupa”, afirma Filipe Piastrelli, infectologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

As doenças diarreicas são causadas por microrganismos infecciosos que geram a gastroenterite, afetam o estômago e o intestino.

Com a ocorrência de enchentes e transbordamentos de rios e córregos, a urina de ratos -causadora da leptospirose- existente em esgotos e bueiros mistura-se à água das enxurradas e à lama. Os principais sintomas são dores de cabeça e no corpo -em especial nas panturrilhas-, febre, coloração amarelada na pele e nos olhos, que por vezes podem ficar avermelhados, náuseas e falta de apetite. O período de incubação varia de um a 30 dias, mas normalmente ocorre entre sete a 14 dias após a exposição ao risco.

Outro risco de enchentes é a hepatite A, que ataca o fígado. Ela pode ser contraída a partir do consumo de alimentos ou água contaminados com o vírus. A vacina que protege contra a doença faz parte do calendário do Programa Nacional de Imunização.

Os sintomas, quando aparecem, são: cansaço, mal-estar, febre, dores musculares, enjoo, vômitos, dor abdominal, constipação ou diarreia. Eles costumam surgir de 15 a 50 dias após a infecção e duram menos de dois meses. A presença de urina escura ocorre antes do início da fase em que a pessoa pode ficar com a pele e os olhos amarelados.

Para a limpeza de casas alagadas, utilize luvas e proteja pernas e braços com botas de borracha e sacos plásticos duplos. A lama que permanecer nos ambientes, utensílios, móveis e outros objetos deve ser removida com escova ou vassoura, sabão e água limpa.

No caso de ambientes e superfícies, faça a limpeza com produtos à base de hipoclorito de sódio, como água sanitária. O que não puder ser recuperado deve ser descartado, a exemplo dos alimentos que tiveram contato com a água das enchentes.

Roupas e calçados também devem ser higienizados caso tenham sido expostos à água de enchente ou enxurrada. “Não existe medicamento preventivo à água de enxurrada, então tome um banho convencional, com sabonete, para retirar a sujidade e eliminar a carga de bactéria, e observe eventuais sintomas que possam aparecer. Caso aconteça, procure um médico”, orienta o infectologista.

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