Nove pessoas perderam a vida na quinta-feira no Senegal devido à violência que irrompeu após a condenação do líder da oposição, Ousmane Sonko, a dois anos de prisão, informou o ministro do Interior, Antoine Diome. O ministro lamentou a violência que resultou na destruição de propriedades públicas e privadas, além das trágicas mortes de nove pessoas em Dakar e Ziguinchor. Ele também reconheceu a imposição de restrições ao acesso às redes sociais.
Centenas de jovens saíram às ruas na quinta-feira em várias cidades senegalesas, após a condenação de Sonko a dois anos de prisão por corrupção de menores, uma sentença que o impedirá de concorrer nas próximas eleições presidenciais.
Os protestos ocorreram em diferentes bairros de Dakar, a capital, e também em cidades como Ziguinchor, Bignona (sul do país), Saint-Louis, Louga (norte), Kaolack (centro-oeste) e Mbour (oeste).
Os manifestantes ergueram barricadas com pneus em chamas, atiraram pedras contra as forças policiais e saquearam lojas e prédios públicos.
Em resposta, as forças de segurança utilizaram gás lacrimogêneo para controlar a situação.
Em comunicado, o partido político de Sonko, Patriotas do Senegal para o Trabalho, a Ética e a Fraternidade (PASTEF), declarou que “esse veredicto sobre a acusação é a última etapa da conspiração tramada por [o Presidente senegalês] Macky Sall e seus seguidores contra o principal opositor do país”.
“O Senegal e suas instituições nunca foram tão desprezados, manchados e profanados! A sobrevivência do Senegal e do povo senegalês está em jogo!”, afirmou o PASTEF.
O partido de Sonko denunciou vigorosamente o veredicto, convocou mobilização em todo o Senegal e pediu às forças de segurança e ao exército que se unissem ao povo.
“Povo senegalês, pare todas as atividades e saia às ruas para enfrentar os excessos ditatoriais e sanguinários do regime de Macky Sall até que ele deixe a chefia do Estado!”, diz o comunicado.
Sonko foi condenado a dois anos de prisão por corrupção de menores por um tribunal em Dakar, depois de ser julgado em 23 de maio, após uma acusação de uma jovem massagista, Adji Sarr, de “violações repetidas” e “ameaças de morte”.
Essa condenação torna o candidato da oposição inelegível para as eleições presidenciais previstas para fevereiro de 2024, de acordo com o Código Eleitoral senegalês.
O veredicto foi anunciado durante protestos de seus apoiadores, enquanto Sonko permanece em prisão domiciliar desde domingo, cercado por forças policiais. Essa restrição de liberdade foi considerada ilegal pela Anistia Internacional, uma vez que o líder da oposição não foi notificado de “nenhuma ação”.
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