SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Discursando para milhares de apoiadores, o ex-presidente dos EUA Donald Trump lançou, neste sábado (10), uma série de críticas a opositores e promotores do caso no qual foi indiciado dois dias antes. Essa é a primeira vez que o republicano aparece em público desde então.
Trump disse considerar que o atual estágio do processo é a “batalha final” contra o que ele chamou de forças corruptas dos EUA. Ele também voltou a se lançar como candidato à Casa Branca nas eleições do ano que vem -hoje, Trump é o favorito para ganhar as primárias do Partido Republicano.
“Ou os comunistas vencem e destroem os EUA ou nós destruímos os comunistas”, disse, parecendo se referir aos democratas. Ele também fez comentários semelhantes sobre o “Deep State”, termo que com frequência usa para se referir às agências americanas de inteligência ou qualquer outro setor do governo que encare como oponente.
Ele também protestou contra “globalistas”, “belicistas” no governo e “a classe política doente que odeia nosso país”. O discurso foi feito na cidade de Columbus, na Geórgia, em uma antiga fábrica de morteiros, armas e canhões.
Trump ainda comparou o governo do presidente americano, Joe Biden, ao regime soviético de Josef Stálin. Segundo o republicano, o democrata orquestrou as acusações criminais a qual ele responde para minar sua campanha presidencial. “Biden está tentando prender seu principal oponente político -um oponente que o está derrotando muito nas pesquisas- assim como faziam na Rússia stalinista ou na China comunista”, disse. “A acusação ridícula e infundada contra mim pelo departamento armado de injustiça do governo Biden ficará entre os abusos de poder mais horríveis da história de nosso país.”
Trump está sendo investigado pelo Departamento de Justiça, órgão ligado à Casa Branca, mas não há evidências de que o atual presidente americano tenha influenciado a acusação. O departamento afirma que todas as suas decisões são tomadas sem levar em conta a política partidária, e Biden disse que não se envolveria na investigação de Trump.
Na quinta-feira, o ex-presidente foi indiciado por supostamente ter mantido documentos confidenciais do governo após deixar a Casa Branca. Ele é alvo de 37 acusações, e entre os documentos em questão, segundo o Departamento de Justiça, estavam alguns com segredos de segurança sensíveis do país.
Os promotores alegam que o ex-presidente reteve materiais, incluindo documentos sobre o programa nuclear dos EUA e vulnerabilidades domésticas a um possível ataque. A acusação de 49 páginas também detalhou dois casos em que Trump supostamente compartilhou informações classificadas com pessoas não autorizadas a recebê-las, bem como esforços para obstruir os investigadores do governo que buscam recuperar os materiais.
Essa é a primeira vez que um ex-presidente dos EUA é indiciado por um crime federal. Trump deve se apresentar a um tribunal federal em Miami na tarde de terça (13), quando as acusações serão formalizadas.