O turista mineiro Bruno Jardim de Miranda Zoffoli, de 43 anos, morto após um mergulho autônomo em Fernando de Noronha, estava em uma viagem de família quando sofreu a doença descompressiva. O acidente aconteceu após uma visitação na Corveta Ipiranga, local que conta com embarcação naufragada e está numa profundidade de 62 metros.
De acordo com amigos da escola de mergulho onde Bruno estudou em Belo Horizonte, os familiares chegaram no aeroporto de Confins nesta quarta-feira (16) e o corpo do mineiro deve chegar nesta quinta-feira (17).
Segundo o registro de mergulhador Bruno tinha 10 certificações, nove delas foram conquistadas durante cursos em BH e uma na cidade de Jundiaí, em São Paulo.
A Administração de Fernando de Noronha informou que Bruno deu entrada no hospital na tarde de terça-feira (15). Ele foi levado pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), devido a “sintomas respiratórios e rebaixamento de nível de consciência, após mergulho profundo de cilindro”, informou.
A nota informou que foi indicada terapia hiperbárica, na qual o paciente respira oxigênio puro, sendo submetido a uma pressão duas ou três vezes superior à atmosférica.
Doença descompressiva
- A doença descompressiva é a formação de bolhas no sangue, causada pelo excesso de nitrogênio ou outro gás na mistura respiratória (como o gás hélio) usada por mergulhares para respirarem embaixo d’água;
- Esses gases são dissolvidos nos tecidos do corpo humano quando a pessoa está realizando o mergulho em profundidade – em condições hiperbáricas, quer dizer, num ambiente onde a pressão é maior que a pressão atmosférica;
- Os gases da mistura respiratória dos cilindros usados por mergulhadores, também chamados de gases inertes, não interagem com o ambiente na superfície da água (em condições “normais” de temperatura e pressão);
- Dessa forma, quanto mais fundo a pessoa mergulha e maior o tempo do mergulho, mais os gases inertes se dissolvem dentro do corpo humano;
- Para evitar problemas na hora de retornar à superfície, quem pratica mergulho costuma controlar o tempo e a profundidade que permanecerão na atividade;
- Na hora de voltar à superfície, também é importante controlar a velocidade de retorno – respeitando o tempo de readaptação do organismo;
- Todos esses fatores influenciam nos possíveis efeitos colaterais que podem provocar a doença descompressiva – que, se não for controlada, pode provocar a morte;
- A forma de tratar a doença é fazer a pessoa respirar oxigênio puro dentro de um equipamento chamado câmara hiperbárica – que simula um ambiente semelhante ao fundo do oceano (onde a pressão é maior do que a atmosférica);
- Ao ser colocada numa câmara hiperbárica para inalar oxigênio puro, a pessoa elimina gradualmente os gases da mistura respiratória dos cilindros de ar e pode reverter os efeitos da doença descompressiva.