SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – No primeiro discurso proferido em seu terceiro mandato à frente da China, Xi Jinping destacou a agenda de segurança nacional e defendeu que o Exército de Libertação Popular seja transformado em uma “grande muralha de aço” para defender o desenvolvimento local.
Xi falou aos quase 3.000 membros do Congresso no Grande Salão do Povo, em Pequim, nesta segunda (13), três dias depois de, em uma sessão meramente protocolar, ser confirmado por unanimidade para mais um mandato de cinco anos na liderança do gigante asiático.
“A segurança é a base para o desenvolvimento, e a estabilidade é o pré-requisito para a prosperidade”, disse Xi no encerramento da sessão parlamentar anual. O líder também abordou pontos recorrentes de seus discursos, como a necessidade de rejuvenescimento nacional.
“O povo chinês se tornou dono de seu próprio destino. O grande rejuvenescimento da nação entrou em um processo irreversível”, seguiu. O termo rejuvenescimento versa sobre a construção de um país próspero e totalmente desenvolvido até 2049, ano que marca o centenário da fundação da China comunista.
Xi voltou a falar da unificação chinesa, em um aceno sobre Taiwan, a ilha que, a despeito de independente na prática, é considerada uma província rebelde pelo Partido Comunista Chinês. “Devemos nos opor firmemente à interferência de forças externas e às atividades separatistas de Taiwan.”
A ilha tem como um de seus principais aliados os EUA, mas outros atores têm se movido. Uma análise da agência Reuters divulgada nesta segunda-feira mostrou que o Reino Unido aprovou um expressivo aumento nas exportações de peças e tecnologia para submarinos taiwaneses no último ano.
O valor das licenças concedidas pelo governo britânico alcançou 167 milhões de libras (mais de R$ 1 bilhão) durante os primeiros nove meses de 2022, mais do que nos seis anos anteriores juntos.
Procurada pela Reuters, a chancelaria chinesa disse que, se a informação proceder, trata-se de “uma violação grave do princípio de uma só China”, segundo a qual países só podem ter relação com Pequim, gigante econômica, ao romperem laços com Taipé.
Além de Xi, o novo premiê chinês, Li Qiang, também falou, mas à imprensa. Respondendo a poucas perguntas de jornalistas, Li disse que o enfraquecimento dos laços entre EUA e China é uma campanha publicitária de alguns americanos que não beneficia ninguém.
“China e EUA têm um ao outro em suas economias e se beneficiaram do desenvolvimento um do outro”, disse Li, segundo relato do South China Morning Post. “Os dois países podem e devem cooperar. Há um grande potencial para isso. Conter e reprimir não fará bem a ninguém.”
Em reportagem publicada nesta segunda, a Reuters informa que, de acordo com fontes familiarizadas com o assunto, Xi planeja viajar à Rússia, onde se encontrará com Vladimir Putin, na próxima semana.
A viagem ocorreria em meio à pressão do Ocidente para que Pequim use a amplitude de seus laços com Moscou para pressionar pelo fim da invasão russa da Ucrânia.
Em fevereiro, o mais alto diplomata chinês, Wang Yi, foi a Moscou, quando Putin, em discursos públicos, disse que a aliança sino-russa nunca foi tão forte. Os dois países firmaram uma espécie de parceria “sem limites” em fevereiro de 2022, pouco antes do início da Guerra da Ucrânia.