O presidente do Americano, Carlos Abreu, soltou o verbo. À Rádio Difusora, em entrevista que foi ao ar nesta segunda-feira (18), dia seguinte a derrota por 1 a 0 para o Boavista, o mandatário alvinegro levantou suspeita de manipulação de resultados no Campeonato Carioca, citando nominalmente Luis Antônio Silva Santos e Lenílton Rodrigues Gomes Júnior como árbitros que teriam prejudicado o clube e apontando o Madureira, principal concorrente na disputa contra a Seletiva, como beneficiado. Nas palavras do dirigente, o Tricolor Suburbano seria “imexível” na FERJ (Federação de Futebol do Rio de Janeiro) e “não poderia cair”.
Entre as declarações mais fortes, Abreu disse que “o futebol do Rio de Janeiro não é para gente séria” e que o campeonato estaria em cheque. O estopim teria sido justamente o jogo contra o Boavista, onde o presidente afirma que ouviu da equipe de arbitragem que “não tem jeito” e que o Americano não poderia ganhar. O presidente também diz ter conversado com jogadores do Boavista que, ainda de acordo com Abreu, estariam “envergonhados”. O principal questionamento do Alvinegro seria a expulsão do zagueiro Espinho, no primeiro tempo – o zagueiro deu uma cabeçada em Dija Baiano, atacante adversário, após uma falta. Abreu garante, ainda na entrevista à Difusora, que houve uma farsa na comunicação dos árbitros do jogo, que estariam com o equipamento desligado.
– A gente nem dorme (depois do jogo com o Boavista). É um sentimento de frustração, indignação, de impotência, diante do que a gente tem visto. O que eu vou falar aqui pode até parecer meio pesado, porque o time também não tem rendido em campo. Mas é muito difícil você ir para uma competição, um evento esportivo, e você ouvir da equipe de arbitragem que “infelizmente não tem jeito”. O Americano não poderia ganhar, porque o resultado não poderia ser favorável ao Americano. É muito difícil você ter até controle emocional para continuar a jogar a partida, que para a gente era decisiva, depois de ouvir uma situação dessas – afirmou, completando em sequência.
– Infelizmente essa é a realidade do futebol do Rio de Janeiro. Infelizmente faz com que a gente chegue à conclusão que o futebol do Rio de Janeiro não é para gente séria. É muito difícil você quer implantar um futebol ou uma administração com ética, com responsabilidade, com respeito à legislação esportiva. Porque, a partir do momento que a gente ouve isso da equipe de arbitragem, você coloca em cheque qualquer coisa e a gente coloca em cheque o próprio campeonato. Se isso não é manipulação de resultados, eu não sei o que pode ser.
A equipe tem apenas cinco pontos somados e precisa de dois resultados positivos para evitar a queda à Seletiva do Estadual no próximo ano. Confira outros pontos da entrevista do presidente Carlos Abreu à Rádio Difusora, de Campos dos Goytacazes, nesta segunda-feira (18), em que ele acusa árbitros de manipulação de resultados, a FERJ de favorecer o Madureira e de outros esquemas no futebol do Rio de Janeiro.
CONVERSA COM JOGADORES DO BOAVISTA
– O que eu posso dizer é o seguinte, os jogadores do Boavista, o treinador (Eduardo Àllax), eu falei com eles, eles estavam envergonhados. Foi a expressão que eles usaram. Envergonhados com o que acontece lá. Eu estive com o goleiro Rafael (atleta do Boavista) e eu falei exatamente essas palavras: “Vocês não mereciam ter uma vitória desse jeito. Vocês não precisavam de uma vitória assim. Eu saio daqui envergonhado” e ele falou: “Eu também estou”. O Àllax, o treinador, estava, depois do jogo, conversando com o Josué, eu cheguei para falar também, e demonstrar minha indignação, e ele estava constrangido com a situação. Então, é difícil falar nesse momento. Temos mais duas partidas e não esperamos nada diferente do que tem acontecido não.
SUPOSTA FARSA NA COMUNICAÇÃO DOS ÁRBITROS
– Outro fato estarrecedor, que a gente conseguiu apurar ontem, a equipe de arbitragem fingiu que estava se comunicando e a a comunicação estava desligada por orientação do árbitro da partida, o Rodrigo Nunes de Sá (NR: na verdade, o jogo era comandado por Rafael Martins de Sá). Então, depois do primeiro tempo todo, eu fui no campo, fui falar que estava revoltado com aquela situação e aí eles ligaram. Eles voltaram. Ou seja, é um faz de conta que quem está na televisão quem olha por lá, parece que o jogo foi normal. (no fim, o entrevistador corrige e relembra que não foi Rodrigo Nunes de Sá que apitou o jogo, mas sim outro árbitro não nominado antes do prosseguimento do relato do presidente Carlos Abreu).
– É um que já apitou um jogo contra a gente e deixou de dar um pênalti absurdo lá contra o America. Eu confesso que não sou ligado nesta questão de arbitragem. Eu acho que nem deveria ser. Então, até aí pessoa desculpas à pessoa que eu citei aí. Eu nem sei quem foi.
OUTROS JOGOS EM QUE O TIME FOI PREJUDICADO
– Se você pegar jogo a jogo, nos jogos que a gente não foi prejudicado, a gente venceu ou empatou. Isso aí fica claro. Evidentemente eu vou tirar os jogos dos grandes. Mas contra os demais. Ai eu posso falar de um a um. O jogo contra o Volta Redonda (1×2), que o senhor Índio (Luís Antônio Silva dos Santos) deu um pênalti absurdo. O próprio jogo que o senhor Lenílton (Rodrigues Gomes Júnior) apitou, contra a Cabofriense (1×4). O que ele fez durante a partida, desestabilizou o nosso grupo, a ponto do grupo abandonar o jogo praticamente. Só para lembrar, a gente saiu na frente contra a Cabofriense. Quando não teve problema de arbitragem, o jogo foi jogado. Como contra o Resende. Um jogo bem jogado, a gente tomou um gol no final. Mas não teve nada. Pode ver até o jogo, que a gente empatou lá dentro contra o Madureira, que a gente sabia que seria de todas as formas, o time se portou bem, soube jogar, eles tiveram várias oportunidades para fazer gol também, mas enfim.
ACUSAÇÃO AOS ÁRBITROS EM JOGOS PASSADOS
– São pessoas que estão aí arbitrando, fazendo o trabalho delas e de outras. Tem pessoas que têm que ser proibidas no futebol. Tem árbitros como o senhor Índio (Luís Antônio Silva dos Santos), e o senhor Lenílton (Rodrigues Gomes Júnior)… essas pessoas não podem estar no futebol. Não é possível que isso continue assim. Eu não sei se vou ter forças para ver, mas algumas coisas vão acontecer. Pode demorar mais um pouco, mas, realmente, para o bem do futebol do Rio de Janeiro, alguma coisa tem que acontecer e tem que ser urgentemente porque afasta as pessoas de bem.
FAVORECIMENTO AO MADUREIRA
– A verdade é que o Madureira é imexível na FERJ, não pode cair e infelizmente esse é o futebol do Rio de Janeiro que a gente quis se meter.
MEDIDAS PARA O FUTURO
– Na verdade, eu já conversei com a minha diretoria e infelizmente vigora no futebol do Rio a lei da mordaça. Quanto mais você fala, mais punido você é. A partir do momento que a gente não vai ter provas disso…