A personagem Momo, que aparece em meio aos vídeos infantis ensinando às crianças a cometerem suicídio, voltou ligar o alerta dos pais. Segundo relatos, a boneca de aparência assustadora que burla algoritmos surge em canais do Youtube Kids, dá passo a passo como os pequenos devem se automutilar e faz ameaças a quem obedecer as ordens. Além da repercussão em outros países, uma mãe de Campinas, interior de São Paulo, relatou que a filha viveu o terror.
“Um alerta muito, mas muito sério … a tal da #momo voltou a aparecer agora no meio de vídeos de #slimes que são os que as crianças mais vêem! Soube que a Bia estava com medo há tempos após nossa conversa Conversem com.seus filhos pelo amor de Deus”, escreveu a professora de inglês Juliana Tedeschi. Slimes são massinhas gelatinosas, uma febre entre crianças e há vários vídeos no Youtube Kids que ensinam a brincar com elas.
Em entrevista, Tedeschi contou que teve acesso ao vídeo através de um grupo da família que vive no Chile. A partir daí, decidiu conversar os filhos, Tiago, de 12 anos, que é autista, e Bianca, de 8 anos, na última quinta-feira. Quando começaram a orientá-los, a menina desabou em choro.
“Ela desabou num choro convulsivo, pois já tinha visto o vídeo há tempos e nunca nos falou por medo que a Momo nos levasse. Eu sou professora de inglês, ela entende um pouco. Nos vídeos, a momo diz pra criança achar algo nas coisas do papai ou da mamãe e se cortar bem fundo, senão ela volta e leva os pais. Ela parou o vídeo e não falou com a gente, mas tem pesadelos e sente medo há mais tempo do que imaginávamos”, contou.
Juliana explica que orientou a filha no sentido de, caso aparecesse novamente, pausasse e os chamasse. Segundo ela, amigos da escola de Bia também tiveram acesso ao conteúdo há alguns meses. “O mais importante era fazer ela entender que não era real”, falou, afirmando que os filhos têm somente acesso de forma restrita na plataforma de vídeos, o que não impediu ver os vídeos com as mensagens brutais.
“Eles sempre viram tudo em modo restrito e temos a configuração de que tudo o que veem vai direto para o nosso celular. Porém, o algoritmo dessa Momo aparece o meio dos vídeos de forma aleatória”, explicou a professora de 41 anos.
“Orientamos ela para caso aparecer novamente, parar o vídeo e chamar papai e mamãe pra termos os links e denunciar. A mensagem que deixamos para os pais é conversem com o seu filho. Inclusive, criamos uma campanha com essa frase. Juliana também procurou a escola onde os filhos estudam e sugeriu que uma palestra sobre segurança na Internet fosse realizada para orientar os alunos.
Outros relatos também apontam o surgimento nos conteúdos da boneca Momo e dado as ordens para o suicídio. Entretanto, a personagem também tem aparecido em desenhos animados muito populares, como Peppa Pig e Baby Shark.
“Estão ensinando a usar faca, gilete, a esfaquear papai e mamãe, ensinando como cortar os pulsos. Tomem cuidado mesmo. No final ainda diz que se você não fizer a brincadeira, vai pegar quando estiver dormindo”, relata a influenciadora digita e dona do canal Arquiteta e Mãe, Dri Pierantoni. Ela revela relatos de pais que disseram que os filhos começaram a falar que querem ‘estrangulariam o irmão’, entre outros comportamentos violentos, após terem acesso a Momo. Procurado, o Youtube ainda não se pronunciou sobre os vários relatos do caso.
No fim de fevereiro, até mesmo a socialite Kim Kardashian se manifestou sobre os vídeos, cobrando um posicionamento do YouTube. “Cuidado! Isso acabou de ser enviado para mim sobre o que tem sido inserido no YouTube Kids”, escreveu.
Em agosto do ano passado, os casos envolvendo a Momo ganharam grande repercussão. Em Pernambuco, uma adolescente de 13 anos cortou os pulsos após ser ameaçada pela boneca Momo. Segundo informações da época, ela adicionou Momo no início do mês e vinha conversando com ela ao longo dos dez dias que se seguiram.
Na Argentina, uma menina de 12 anos teria se suicidado e a suspeita é de que ela tenha sido influenciada pelo jogo Momo. Os especialistas analisam imagens onde se pode ver a menina seguindo certos passos que alguém indicava no celular, até que ela se auto-asfixiasse, amarrando um lençol em volta do pescoço e se enforcando. As informações são do jornal argentino Diario Popular.