A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) decidiu que não voltará às aulas nesta terça-feira, dia 1º de agosto, como estava previsto. De acordo com o reitor Ruy Garcia Marques, a decisão foi tomada pelo conselho de diretores da universidade, devido aos atrasos nos salários dos funcionários e nos pagamentos das bolsas para estudantes. Com a suspensão das atividades, não há previsão para iniciar o primeiro semestre letivo de 2017.
— Nós não queríamos isso. Mas não temos o que fazer. A situação está gritante, além disso, ocorre o não funcionamento do restaurante universitário, que não é só para os cotistas, mas para todos os alunos e docentes. Nenhuma empresa se interessou e participar do processo licitatório. Esse tratamento com a universidade é desumano — afirmou o reitor.
Segundo Ruy Garcia Marques, a Uerj consultou mais de 50 empresas, mas nenhuma delas quis participar da seleção para assumir o restaurante da universidade, pois teme ficar sem pagamento do governo estadual.
Inicialmente, a Uerj comprimiria dois semestres em apenas sete meses, que seriam ministrados entre agosto de 2017 e fevereiro de 2018. A medida era para ajustar o calendário e não precisaria mais dar aulas durante os períodos de férias — isso, claro, se não houvesse mais nenhuma interrupção no serviço.
Leia a nota da instituição na íntegra:
“A Reitoria da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, ouvido o Fórum de Diretores das Unidades Acadêmicas, reunido em 31 de julho de 2017, vem informar que, a despeito das reiteradas manifestações públicas em relação às precárias condições de funcionamento da Universidade, não houve qualquer progresso das negociações com o governo do estado do Rio de Janeiro nas últimas semanas.
As condições de manutenção da universidade degradam-se cada vez mais com o não pagamento das empresas terceirizadas, contratadas por meio de licitação pública: limpeza, vigilância e coleta de lixo estão restritas, além de o Restaurante Universitário permanecer fechado.
Somam-se a isso os atrasos salariais dos servidores técnico-administrativos e docentes da universidade (meses de maio, junho e – já nos próximos dias – julho, bem como o não pagamento do décimo-terceiro salário do ano de 2016), os atrasos no pagamento de diversas bolsas, de docentes e alunos, incluindo os cotistas, estes últimos especialmente punidos pela impossibilidade de deslocamento à universidade ou de condições mínimas para prover a própria subsistência.
O atraso salarial, cada vez maior, gera endividamento crescente, insegurança, angústia e situações de estresse incontroláveis, maximizadas naqueles que se veem impedidos até da simples compra de medicamentos para manutenção básica da saúde.
No primeiro semestre de 2017, em consideração aos nossos estudantes e à população fluminense, trabalhamos enfrentando todas essas adversidades que, a cada dia, se acentuam. Reconhecemos que, neste momento, não podemos mais aceitar tal sacrifício de nossos servidores e de suas famílias.
Atingimos um patamar insuportável que impede a universidade de bem exercer suas funções de ensino, pesquisa e extensão. Também o nosso Hospital Universitário Pedro Ernesto padece do mesmo problema e funciona com limitações quase impeditivas, diminuindo amplamente o atendimento à população.
Tal situação nos avilta, ainda mais, pela atitude discriminativa adotada pelo governo do estado do Rio de Janeiro, ao manter em dia, sem parcelamentos ou atrasos, os salários de muitos outros setores do funcionalismo.
Todo o quadro acima mencionado nos impõe a decisão de não dar início ao semestre letivo no dia 1o de agosto, conforme anteriormente previsto no calendário acadêmico. À medida que surjam novos fatos, voltaremos a nos manifestar acerca do início das aulas.
Adiar o início das aulas não é parar a UERJ! Nossa universidade permanece ABERTA e VIVA!
Reitoria da UERJ”
Fonte O Globo.